A presidente afastada Dilma Rousseff criticou nesta segunda-feira o tom usado pelo governo interino de Michel Temer com alguns países latino-americanos e a Unasul, que criticaram o afastamento da governante de suas funções para responder a um julgamento que pode cassar seu mandato.
Dilma se referiu aos comunicados publicados nos últimos dias pelo novo Ministério das Relações Exteriores rejeitando as opiniões proferidas pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e pelos Executivos de Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua e El Salvador em relação ao afastamento da presidente.
"A reação de governos estrangeiros e de importantes setores da opinião pública mundial, entre eles o secretário-geral da OEA, expressa a indignação internacional diante da farsa jurídica aqui montada", afirmou Dilma por meio das redes sociais.
A chefe de Estado afastada também demonstrou sua preocupação "de que essas práticas, travestidas de legalidade, possam se espalhar por outras partes do mundo, especialmente na América Latina, promovendo a desestabilização de governos legítimos".
Dilma também destacou que os governos e povos da América Latina estão "preocupados" com as ameaças que o novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, fez contra o Mercosul e com "sua disposição de estabelecer acordos econômicos e comerciais profundamente lesivos ao interesse nacional".
Para Dilma, as forças políticas que "pretendem" dirigir a política externa brasileira não têm "autoridade política ou moral para invocar o princípio de soberania".
O novo chanceler já afirmou que "subirá o tom" se for necessário para responder às "falsidades" dos que criticaram o processo que afastou Dilma e levou Temer ao poder.
Nesta própria segunda-feira o Itamaraty acusou El Salvador de "desconhecer a Constituição e a legislação brasileira", depois que o país centro-americano anunciou que não reconhece o Executivo interino de Temer, e pediu que "reconsidere sua postura".
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores ressaltou que a decisão de El Salvador de "suspender os contatos oficiais" revela um "profundo desconhecimento" do julgamento político iniciado contra Dilma e do "pleno funcionamento das normas e instituições democráticas do país".