A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem direito de fazer críticas, até por ser alvo de muitas delas, um dia depois de Lula ter afirmado que o PT perdeu a utopia.
Em entrevista a jornalistas após participar de uma reunião sobre a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro, a presidente foi indagada sobre os comentários de seu antecessor e disse que Lula tem o direito de criticar, já que geralmente é criticado, inclusive, pelos jornalistas, como fez questão de dizer Dilma.
Lula defendeu, durante a conferência Novos Desafios da Democracia, uma "revolução interna no partido".
"Queremos salvar a nossa pele, nossos cargos, ou queremos salvar o nosso projeto?", questionou o ex-presidente.
Em Brasília, senadores petistas saíram em defesa do ex-presidente contra o que alegam ser uma "sórdida campanha de deslegitimação” de Lula. A bancada do PT no Senado se manifestou no momento em que crescem as especulações sobre o risco de o escândalo da Lava Jato se aproximar de Lula, após a prisão do presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht.
No mês passado, o Ministério Público Federal abriu uma investigação separada para apurar se Lula usou de forma indevida suas conexões para beneficiar a Odebrecht, afirmando que o ex-presidente viajou com frequência ao exterior a partir de 2011, depois do fim do seu segundo mandato, com as despesas pagas pela construtora.
O Instituto Lula negou qualquer comportamento ilegal na ocasião.
“A bancada do PT no Senado manifesta sua total e irrestrita solidariedade ao grande presidente Lula, vítima de campanha pequena e sórdida de desconstrução de uma imagem que representa o que o Brasil tem de melhor: sua gente”, diz o documento.
“Tentam transformar suas virtudes em vícios e suas ações pelo Brasil em crimes. Insinuam de forma leviana, acusam sem provas, distorcem, mentem e insultam”, disseram os petistas em nota.
Segundo o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), as declarações do ex-presidente têm grande relevância e “o PT precisa mudar”.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier e Maria Carolina Marcello, em Brasília)