A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira que o rebaixamento do rating da Petrobras para grau especulativo pela agência de classificação de crédito Moody's representa "falta de conhecimento" e garantiu que a estatal vai se recuperar.
"Acho que é uma falta de conhecimento direito do que está acontecendo na Petrobras", disse Dilma a jornalistas em Feira de Santana (BA), onde participou de evento do Minha Casa Minha Vida. "Agora, não tenho dúvida que a Petrobras vai ser uma empresa com grande capacidade de se recuperar disso, sem grandes consequências."
A Moody's cortou o rating da dívida em moeda estrangeira da Petrobras na terça-feira em dois degraus, de "Baa3" para "Ba2", citando as investigações sobre corrupção e pressões de liquidez que podem resultar do atraso da divulgação das demonstrações financeiras auditadas.
A empresa, que está no centro de um escândalo bilionário de superfaturamento de contratos envolvendo funcionários, empreiteiras e políticos, publicou o balanço do 3º trimestre atrasado e não auditado e agora corre contra o tempo para publicar o do 4º trimestre com baixas contábeis.
A agência de risco manteve o rating da petroleira em revisão para novo rebaixamento.
"O governo sempre vai tentar evitar o rebaixamento, isso é absolutamente natural. Nós só lamentamos que não tenha tido correspondência por parte da agência, mas acho que isso está superado", afirmou a presidente ao ser perguntada sobre a atuação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, frente a agência.
Em reação ao rebaixamento, as ações da Petrobras recuavam cerca de 7 por cento nesta quarta-feira.
DIESEL E AJUSTES
No momento em que o país enfrenta bloqueio de estradas por protestos de caminhoneiros que reclamam de preços baixos de frete e alto custo dos combustíveis, a presidente disse que o governo não tem como baixar o preço do diesel e afirmou ainda que não há aumento previsto de combustível.
"Não mexemos (no preço dos combustível), o que fizemos foi recompor a Cide, isso nós fizemos. Não elevamos uma vírgula o preço dos combustível nem abaixamos, porque... a política sempre é melhor em relação ao combustível quando ela é estável, o que não é possível é submeter o país aos altos e baixos da política de petróleo, se voltar a subir, também não pretendemos mexer no preço", disse.
Dilma justificou ainda os ajustes necessários nas contas para que o país entre em um novo ciclo.
"O que nós estamos fazendo é preparando o Brasil para um novo ciclo de crescimento. Nosso compromisso é um só: emprego, salário e renda para as pessoas", disse.
Durante discurso na entrega de moradias do programa, a presidente já havia defendido a necessidade de ajustes para dar condições a um novo ciclo de desenvolvimento econômico e para que o país "continue a crescer de forma mais acelerada".
A nova equipe econômica do governo tenta reequilibrar as contas públicas para recuperar a confiança dos investidores no país num difícil quadro de crescimento fraco e inflação alta, e em meio ao escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras e grandes empreiteiras do país.
(Por Maria Pia Palermo)