Dilma precisa priorizar fim da crise com base governista, dizem aliados

18 mar 2015 - 14h11
(atualizado às 14h11)

Com incêndios simultâneos para enfrentar e a maior reprovação a um presidente em mais de duas décadas, a presidente Dilma Rousseff vem sendo aconselhada a priorizar uma solução para a crise política, pois esse movimento lhe daria as condições necessárias para enfrentar a baixa popularidade e as dificuldades econômicas, segundo fontes próximas à petista.

Presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. 16/3/2015
Presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. 16/3/2015
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

A solução para a crise na base aliada, segundo duas fontes, passa principalmente pela incorporação do PMDB às decisões do governo e por uma articulação mais próxima com o PT na Câmara dos Deputados.

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Além disso, na avaliação de um desses aliados, um petista que pediu anonimato, Dilma poderia mudar seus interlocutores políticos. A mudança passaria pela substituição do ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, que nunca foi unanimidade entre as bancadas do PT no Congresso e não tem interlocução com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Também poderia, momentaneamente, retirar o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da articulação política com os aliados e com o Congresso. Há muita resistência, principalmente no PMDB, com a condução das negociações de Mercadante.

Durante reunião na terça-feira em que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, apresentou detalhes do pacote anticorrupção que foi anunciado pela presidente nesta quarta-feira, houve novamente reclamações de aliados com a falta de traquejo de Mercadante, contou à Reuters um aliado peemedebista.

As duas fontes, porém, não souberam afirmar se a presidente já está convencida em fazer mudanças no ministério e nas funções de Mercadante.

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"O diálogo prometido pela presidente tem que começar pela sua base aliada no Congresso. Se não consegue nem dialogar com sua base, não adianta tentar enfrentar as outras crises", disse a fonte peemedebista.

Dilma tem sido aconselhada, inclusive pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a e se aproximar mais do vice-presidente Michel Temer, ao mesmo tempo em que restabelece prioritariamente a relação com o PMDB.

"A prioridade é resolver a crise política com os aliados. Depois ir dialogar com os movimentos sociais e centrais sindicais, que são nossa base, e também discutir medidas econômicas e ações de governo com os empresários", afirmou a fonte petista.

TENTANDO MUDAR

Desde a semana passada, o governo parece estar se esforçando nesse sentido. Mudou de posição na negociação da correção da tabela de Imposto de Renda e conseguiu evitar a derrubada de um veto presidencial.

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Na terça-feira, além de apresentar aos aliados antecipadamente medidas que foram anunciadas na quarta, o governo conseguiu um acordo para adiar por duas semanas uma votação na Câmara dos Deputados que poderia estender a fórmula de reajuste do salário mínimo para aposentados e pensionistas que recebem acima de um salário mínimo, o que provocaria um novo rombo nas contas da Previdência.

A pacificação da base governista reverteria parte das dificuldades enfrentadas pela presidente para colocar as contas públicas em ordem, já que algumas medidas têm enfrentado grande resistência no Congresso e não têm apoio integral nem mesmo entre os parlamentares do PT.

Apesar dos prognósticos de recessão e inflação acima dos 6,5 por cento, teto da meta do governo, neste ano, um melhor encaminhamento do ajuste fiscal no Congresso poderia acalmar um pouco os mercados financeiros. E dar algum ânimo para os empresários retomarem os investimentos, especialmente se isso fosse acompanhado de mais diálogo.

Sinais positivos na economia e o fim da turbulência dentro da base governista ajudariam a presidente no desafio de mudar o quadro de pior popularidade de um presidente desde o ex-presidente Fernando Collor de Mello às vésperas do impeachment em 1992.

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Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dois dias seguintes aos protestos de domingo, a avaliação ruim/péssima do governo disparou para 62 por cento em março, de forma generalizada por renda e regiões geográficas. No início de fevereiro, a avaliação ruim/péssima de Dilma estava em 44 por cento.

Ainda segundo a pesquisa, os que consideram o governo Dilma ótimo/bom caíram para apenas 13 por cento, contra 23 por cento no levantamento anterior. Em dezembro, esse índice chegava a 42 por cento.

As duas fontes avaliaram que para vencer parte da impopularidade o governo e, principalmente, Dilma precisam manter o "discurso humilde", reconhecendo erros quando houver e mostrando disposição a aceitar sugestões, o que até agora não era uma prática da gestão petista.

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