No dia que marca os 50 anos do golpe militar de 1964, a presidente Dilma Rousseff destacou a importância do direito à verdade e à memória. Foi em sua gestão, há dois anos, que o governo federal instalou a Comissão Nacional da Verdade, que apura casos de abusos de direitos humanos entre 1946 e 1988, período que compreende os chamados “Anos de Chumbo”.
Segundo a presidente, a “verdade é exatamente o oposto do “esquecimento”. “É algo tão forte que não dá guarida para o ressentimento, o ódio, nem tampouco para o perdão”, afirmou, sinalizando que não pretende rever a Lei de Anistia. “Nós reconquistamos a democracia à nossa maneira: por meio de lutas e de sacrifícios humanos irreparáveis. Mas também por meio de pactos e acordos nacionais.”
Dilma afirmou que lembrar é um processo muito humanos e que faz parte do processo de reconquista das liberdades. “Se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca, mas nunca mesmo pode existir uma história sem voz. E quem dará voz à História são os homens e as mulheres livres que não têm medo de escrevê-la”, afirmou.
Hoje presidente da República, Dilma Rousseff militou contra a ditadura no fim da década de 1960 e foi presa entre 1970 e 1972, período em que foi torturada pelo regime. A presidente lembrou de todos os que lutaram por democracia e citou a filósofa política alemã Hannah Arendt ao dizer que “toda dor humana pode ser suportada se pudermos fazer com que ela seja contada em história.”
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“A dor que nós sofremos, as cicatrizes visíveis e invisíveis que ficaram nesses anos podem ser suportadas e superadas, porque hoje temos uma democracia sólida e podemos contar nossa história”, disse a presidente.
“Aprendemos o valor da liberdade”
Em seu discurso, a presidente afirmou que o esforço do povo brasileiro fizeram com que o País ultrapassasse o 21 anos de regime ditatorial. Na avaliação da presidente a reconquista da democracia fez com que o Brasil aprendesse o valor da liberdade.
“Nós aprendemos o valor da liberdade, o valor de um Legislativo, de um Judiciário independentes e ativos. Aprendemos o valor da liberdade de imprensa, o valor da democracia pelo voto direto de todos os brasileiros (governadores e prefeitos), de eleger, por exemplo, um exilado, um líder sindical, que teria sido preso, que foi preso várias vezes. E uma mulher que também foi prisioneira”, disse.
Dilma acrescentou ainda que a postura do governo federal, sob sua gestão, diante da onda de protestos em junho do ano passado, foi diferenciada e sem tentar esconder as insatisfações populares. “Aprendemos o valor de ir às ruas e nós mostramos um diferencial quando as pessoas foram às ruas demandar mais democracia. Aqui no Brasil, não houve um processo de abafamento deste fato. O valor, portanto de ir às ruas, o valor de ter direitos e o valor de exigir mais direitos”, afirmou a presidente.