O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, 31, que os indícios sobre interferência na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não surgiram agora.
"Os indícios e a denúncia chegaram agora? Foi a imprensa que divulgou isso há três anos atrás. Se tem denúncia e indícios, é dever. E, assim como não disse para a PF investigar, também não disse para prevaricar", declarou Dino.
Ele ainda afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nunca "pediu nada, nem para investigar, nem para deixar de investigar" e que tampouco algum ministro se dirigiu a ele "para pedir para investigar qualquer coisa".
Dino repetiu diversas vezes que a Polícia Federal brasileira está entre as melhores do mundo. Em determinado momento Lula interrompeu e disse, fora do microfone: "Você fala assim daqui a pouco ele vem com uma pauta de reivindicação pedindo aumento de salário".
Em resposta ao presidente, Dino garantiu que a reivindicação não virá porque Lula já atendeu à pauta. "Eu disse para o ministro Lewandowski: o senhor pode pedir uma liminar no Supremo", afirmou Dino.
No fim do ano passado, o Sindicatos da Polícia Federal e o governo Lula chegaram a um acordo, após meses de negociação, para recomposição dos salários na corporação. A promessa é que, a partir de 2024, cinco carreiras da PF terão aumento - delegado, perito criminal, agente, escrivão e papiloscopista.
Os reajustes serão escalonados ao longo dos próximos três anos, em agosto de 2024, maio de 2025 e? maio de 2026:
- Delegados e peritos: R$ 27.831,70 (terceira classe), R$ 30.869,46 (segunda classe), R$ 35.377,35 (primeira classe) e R$ 41.350 (classe especial);
- Escrivães, agentes e papiloscopistas: R$ 14.710,70 (terceira classe) e R$ 25.250 (classe especial).
Lula diz que crime organizado virou uma grande indústria multinacional
Com a área de segurança pública sendo a responsável pela pior avaliação do governo, o presidente disse que o crime organizado é difícil de combater porque "virou uma grande indústria multinacional". De acordo com ele, o crime "está na imprensa, está na política, está no futebol, está nos empresários, está em todos os lugares do planeta".
Lula ainda disse que aposta na formação de "um novo ser humano" baseado na educação e criticou o "político popular" que grita "bandido bom é bandido morto". A gente quer humanizar o combate ao pequeno crime e jogar pesado contra a indústria internacional do crime organizado. Essa tem avião, navio, iate, tem poder em muitas decisões em muitas instâncias", declarou.