Em compasso de espera pela anunciada decisão do ex-governador Geraldo Alckmin de deixar o PSDB, os tucanos abriram uma nova frente de disputa interna na legenda em São Paulo, desta vez pela escolha do candidato ao Senado em 2022. O mandato de José Serra termina no ano que vem, mas ele se afastou do cargo após ser diagnosticado com Parkinson.
Tucano da ala histórica do PSDB, o ex-deputado José Aníbal é o suplente de Serra e assumiu o cargo por pelo menos quatro meses, mas se cacifou na sigla para ser o candidato no ano que vem. Os prefeitos tucanos Orlando Morando (São Bernardo do Campo) e Duarte Nogueira (Ribeirão Preto) chegaram a articular um apelo público para que Alckmin fosse indicado para disputar o Senado e, assim, ficasse no partido, mas o ex-governador resiste à ideia e já anunciou publicamente que planeja sair do PSDB.
Embora ainda não tenha feito nenhum gesto formal de que pretende disputar o Senado, Aníbal já tem um adversário interno que está em campanha aberta no partido: o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, que encabeça a ala "covista" da sigla. "Se ele (Aníbal) quiser ser candidato, terá que se inscrever nas prévias. Hoje eu sou o único inscrito", disse Alfredo ao Estadão.
O presidente do PSDB paulistano já reuniu o apoio de 22 dos 52 diretórios zonais do partido e espera selar a adesão dos demais até o fim de setembro. "Eu só não vou disputar o Senado se o Geraldo (Alckmin) ficar e for candidato. Essas conversas não serão tratadas em uma sala com charuto e vinho caro. É a militância que vai decidir", afirmou o dirigente tucano.
Procurado pela reportagem, o senador José Aníbal não quis comentar o assunto.
A escolha do candidato do PSDB ao Senado na disputa do ano que vem é tratada com cautela e causa desconforto nos bastidores do partido. Dirigentes da legenda disseram, por exemplo, que houve constrangimento no ato de filiação de Tomás Covas, filho de Bruno Covas. Na ocasião, com Aníbal no palanque, aliados de Alfredo colocaram faixas defendendo o seu nome para o Senado, o que provocou mal-estar.
Divergências. A cúpula do PSDB paulista descarta realizar as prévias para o Senado no mesmo dia das prévias nacionais e para governador, marcadas para 21 de novembro, e afirmou que Serra será ouvido na hora de definir o nome do candidato.
Já aliados do governador João Doria consideram a possibilidade de o partido abrir mão de lançar um nome próprio na disputa para contemplar um dos partidos da coligação.