Doria prepara pacote de bondades até deixar cargo

Governador de São Paulo prepara uma série de inaugurações de impacto local, mas com potencial de projeção nacional, para 2022

30 dez 2021 - 09h08
(atualizado às 09h45)

Único pré-candidato ao Palácio do Planalto com cargo no Executivo - além do próprio presidente Jair Bolsonaro -, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), prepara uma série de inaugurações de impacto local, mas com potencial de projeção nacional, para 2022. O pacote de bondades prevê a conclusão de obras de saneamento, como a despoluição do Rio Pinheiros; a duplicação de rodovias, com destaque para o trecho de serra da Tamoios; e a entrega de helicópteros, drones, pistolas e submetralhadoras para a Polícia Militar.

João Doria posa para foto com a bandeira do Brasil
João Doria posa para foto com a bandeira do Brasil
Foto: Adriano Machado / Reuters

Com prazo apertado - a legislação eleitoral exige que candidatos a outros cargos públicos deixem os atuais mandatos até abril -, Doria corre para priorizar iniciativas que possam servir de vitrine durante a campanha ao Planalto. Além de se vender como político realizador de obras em plena pandemia, o tucano também já lista programas sociais passíveis de adaptação ou mesmo replicação no território nacional.

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O vale-gás, por exemplo, já foi incorporado até mesmo pelo governo federal, ainda que tardiamente. Bolsonaro sancionou em novembro projeto que concede repasse de pelo menos 50% do valor médio do botijão às famílias de baixa renda. Em São Paulo, Doria se orgulha de ter iniciado a ação em junho.

Auxílios

Com o discurso liberal adaptado diante do aumento da pobreza no País, o presidenciável criou 11 ações direcionadas a públicos específicos e reunidas na chamada Bolsa do Povo, que teve orçamento anunciado de R$ 1 bilhão neste ano. Assim como seus potenciais adversários, o tucano incorporou a defesa de auxílios financeiros em sua plataforma eleitoral, baseada em outros dois focos: geração de renda e defesa do meio ambiente.

Ao Estadão, Doria ressaltou que, sob seu comando, o Estado gerou um milhão de empregos em 2021. "São Paulo criou uma a cada três vagas de trabalho disponíveis no Brasil. As obras de infraestrutura e saneamento receberam investimentos de mais de R$ 13 bilhões. Temos atualmente 8 mil obras públicas e 200 mil empregos vinculados", afirmou. Segundo o governo, a economia paulista cresceu 7,9% nos primeiros nove meses do ano em relação ao mesmo período de 2020.

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Pinheiros

Considerado destaque da gestão, o programa Novo Rio Pinheiros alcançou, de acordo com números oficiais, a marca de 487 mil imóveis ligados à rede de esgoto, o que equivaleria a mais de 90% da meta estipulada. Desde 2019, a ação teria ainda retirado quase 53 toneladas de lixo do leito do rio.

Diferentemente de outras grandes obras em andamento no Estado - parte delas iniciada pelo ex-governador Geraldo Alckmin, cotado para ser vice de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 -, a despoluição do Pinheiros tem a marca de Doria, assim como a Coronavac, os centros de inovação em educação básica e as unidades móveis recém-lançadas do Bom Prato.

Classificado pelo vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), como um "pronto-socorro do combate à fome", o primeiro food truck do programa foi inaugurado anteontem no distrito de Anhanguera, extremo norte da capital. Outras sete regiões com altos índices de vulnerabilidade receberão a visita de caminhões com marmitas a R$ 1 em ação pronta para ser apresentada ao País.

Polícia

Até abril, Doria ainda planeja entregar uma série de equipamentos para modernização da Polícia Militar, uma das principais bases bolsonaristas. O governo prevê melhorar as condições de trabalho da corporação com dois helicópteros, 10 drones e mais de 39 mil armas, incluindo 1,4 mil submetralhadoras. O plano contempla a reforma de 166 unidades policiais e a entrega de três centros de operações.

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Determinado a avançar na construção de alianças dentro do chamado centro expandido que possam ajudá-lo a subir nas pesquisas - o tucano aparece em quinto nos levantamentos mais recentes, atrás de Ciro Gomes (PDT), Sérgio Moro (Podemos), Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) -, Doria mostra disposição de retomar seu primeiro slogan político, o de gestor eficiente.

"Nossa gestão melhorou a vida dos brasileiros que vivem no nosso Estado. Geramos emprego, renda, vacina e protegemos a saúde e o meio ambiente. Fizemos programas vigorosos de combate à fome e à pobreza. E criamos o Bom Prato Móvel especialmente para atender a população em situação de rua. O desafio continua em 2022", disse o governador.

E continua mesmo no Estado. Apesar dos avanços em diversas áreas, Doria não vai terminar o Rodoanel nem o trem intercidades, ambos projetos relevantes de uma outra lista de obras tucanas que, de novo, vai ficar para depois.

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