O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aproveitou a abertura da entrevista à imprensa sobre medidas do enfrentamento ao novo coronavírus nesta segunda-feira (30) para repetir as indiretas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) presentes no discurso de vitória do prefeito reeleito da capital paulista, seu apadrinhado político Bruno Covas (PSDB).
Antes de anunciar a decisão de que todas regiões do Estado retornarão à fase amarela da quarentena sob o Plano SP, Doria afirmou que, nestas eleições municipais, perderam os extremistas, e a população deu um recado claro contra o negacionismo, o obscurantismo e a intolerância. Neste domingo, 29, quando proferidas por Covas ao lado do padrinho político, essas palavras-chave foram amplamente entendidas como alfinetadas em Bolsonaro.
Na mesma entrevista, o governador paulista confirmou informação antecipada pelo Estadão desde a semana passada, de que o aumento de internações por covid-19 e outros indicadores levaram ao endurecimento das restrições a serviços e comércios no Estado. A sua gestão, assim como o então candidato à reeleição do seu partido, se tornaram alvo de questionamento sobre possível viés político na decisão de ter marcado o anúncio para o dia seguinte ao segundo turno.
"Queremos distância dos extremistas, tanto de esquerda quanto de direita", disse Doria nesta segunda-feira. "O estado democrático de Direito sai fortalecido (das eleições)."
Em São Paulo (SP), o candidato apoiado pelo presidente, Celso Russomanno (Republicanos), encerrou a campanha no primeiro turno, quando ficou em quarto lugar, com 10,5% dos votos válidos. O desempenho negativo como cabo eleitoral se repetiu em outras capitais, como no Rio de Janeiro (RJ), com a derrota de Marcelo Crivella (Republicanos).
As críticas ao chefe do Planalto continuaram quando o assunto se voltou para vacinas contra a covid-19, e Doria disse que a pandemia não é uma "gripezinha" ou um "resfriadinho", dois termos já usados por Bolsonaro para se referir à doença. O governador cobrou, ainda, que o governo federal e o Ministério da Saúde apresentem "imediatamente" um plano nacional de imunização e com quais vacinas pretende promovê-lo.