Economistas criticam Bolsonaro e citam atuação imperdoável

Posição do presidente em defender a reabertura do comércio e a extinção de medidas restritivas não foram bem vistas

30 jun 2020 - 07h26
(atualizado às 07h58)

Economistas que participaram na segunda-feira, 29, do painel sobre futuro da economia no Brazil Forum UK 2020 afirmaram que, neste momento, não dá para escolher entre economia e saúde. Segundo eles, a atuação do presidente Jair Bolsonaro, ao defender a reabertura do comércio e a extinção de medidas restritivas para possibilitar a retomada da economia, é "imperdoável".

Presidente Jair Bolsonaro
09/06/2020
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro 09/06/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Na visão do economista e professor do King's College London Alfredo Saad-Filho, as "raízes" do impacto da pandemia no País têm relação com a desigualdade brasileira e com "o descaso deliberado do governo" ao lidar com a questão. Saad-Filho cita "a tentativa deliberada de se manter a atividade econômica a partir de um ponto de vista de que, para se manter o nível da renda, valeria a pena sacrificar vidas".

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Com um ministro interino na Saúde, o Brasil somava, até às 19h30 desta segunda, 57.658 mortes por covid-19, conforme Consórcio de imprensa. Segundo Saad-Filho, o governo brasileiro abriu mão de suas responsabilidades com a população. "A psicopatia impede os níveis mais altos de governo de olhar para o outro, de cuidar do seu, de tratar da população. Estamos lidando com um desastre que poderia ter sido evitado. Isso, ao meu ver, é imperdoável."

Zeina Latif, colunista do Estadão e ex-economista chefe da XP, avalia que "faltou articulação (do governo) com os Estados" no enfrentamento à pandemia. Citando um cenário em que nenhuma medida tivesse sido tomada, Zeina afirma que "a contaminação seria muito rápida", com consequências duras. "Isso poderia gerar crise social, distúrbios, e de qualquer forma ia acabar impactando a economia pelas mortes, pela mão de obra que você perde, pelo caos social, pelo medo das pessoas".

Segundo ela, é importante ter em vista este cenário extremo, senão podemos acabar "confundindo a análise, achando que o isolamento causa a crise, e não exatamente a doença".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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