O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) saiu em defesa do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é alvo da investigação sobre fraudes nas carteiras de vacinação contra a covid-19. Na noite de terça-feira, 3, o político usou o espaço do plenário para questionar a Polícia Federal e a ação.
“Vocês são jovens, talvez não se lembrem, mas a Polícia Federal entrava na casa dos políticos para pegar malas com milhões em dinheiro, tipo a do Geddel, mais de R$ 50 milhões. E hoje, vai à casa do ex-presidente Bolsonaro para ver se ele tem o cartão de vacina ou não”, afirmou.
Em seguida, o parlamentar diz que tenta ver a situação de maneira positiva, e que toda a ação que busca certificar se houve adulteração de dados ou não é um espécie de “medalha” para ele.
“Nada dá mais honra do que ser filho de Jair Bolsonaro do que a perseguição vil, baixa, e bizarra que a esquerda tenta imprimir contra um presidente. A pergunta que fica é: Por que Bolsonaro teria motivos para falsificar um comprovante de vacina? Por que a Polícia Federal não poderia pedir informações ao presidente, ou dar as informações por escrito? Ou [ele] ir à Polícia Federal dar o testemunho? Para que a necessidade de fazer esse esculacho?”, finaliza.
Operação Venire
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi preso nesta quarta-feira, 3, pela Operação Venire, da Polícia Federal. Além dele, mais 5 pessoas foram presas:
• Max Guilherme, ex-sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e segurança do ex-presidente;
• Sergio Cordeiro, militar do Exército Brasileiro e também segurança de Bolsonaro;
• Luís Marcos dos Reis, sargento do exército que foi assessor de Bolsonaro e trabalhou com o ajudante de ordens Mauro Cid;
• João Carlos de Souza Brecha, secretário municipal de Saúde de Duque de Caxias (RJ);
• Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército que se candidatou pelo PL à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro na última eleição.
Também foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão. Entre os endereços alvo, estão o do ex-chefe do Executivo. No local, a PF apreendeu o celular dele; o da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro teria sido poupado. A investigação apura a falsificação de dados das seguintes carteiras de vacinação:
• Jair Bolsonaro;
• Laura Bolsonaro, filha do ex-presidente;
• Mauro Cid, além da mulher e filha dele.
A operação foi realizada em Brasília e no Rio de Janeiro. Conforme a PF, os dados falsos foram supostamente inseridos, entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde. O objetivo era burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelo Brasil e Estados Unidos.
Bolsonaro foi para os EUA no final de seu mandato, juntamente com os dois seguranças presos. A falsificação de documentos para entrar nos Estados Unidos pode levar a dez anos de prisão em solo americano por fraude. Em 2021 o país incluiu na lista desses documentos a certificação da vacina contra a covid-19 e a obrigatoriedade da imunização contra a doença em solo americano segue obrigatória até o dia 12 de maio deste ano.
Bolsonaro nega ter tomado vacina
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em entrevista à imprensa, do lado de fora de sua casa em Brasília, que não tomou a vacina contra a covid-19, e se mostrou surpreso com a motivação para a operação da Polícia Federal deflagrada nesta quarta-feira, 3.
"O objetivo da busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro: cartão de vacina. O que eu tenho a dizer a vocês: Eu não tomei a vacina, foi uma decisão pessoal minha depois que eu li a bula da Pfizer. O cartão de vacina da minha esposa também foi fotografado. Ela tomou a vacina nos Estados Unidos, a Janssen", declarou.
"E a outra é minha filha, eu respondo por ela, Laura, de 12 anos, não tomou a vacina também, tenho o laudo médico no tocante a isso. No resto, eu realmente fico surpreso com uma busca e apreensão com esse motivo. Eu não tenho mais nada o que falar", continuou.
Na manhã desta quarta, a defesa de Bolsonaro solicitou adiamento do depoimento do ex-presidente, que estava previsto para as 10h. Os advogados alegaram que não tiveram acesso aos autos da investigação, o que inviabilizaria o depoimento. O pedido foi aceito.