Em Debate, Bolsonaro e Lula usam direitos de resposta para confronto direto

30 set 2022 - 07h26

Líderes nas pesquisas de intenção de voto na disputa pelo Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) se enfrentaram em confrontos diretos por meio de direitos de resposta, no debate da TV Globo na noite desta quinta-feira, 29. Bolsonaro atacou o ex-presidente ao citar as acusações de corrupção nos governos petistas, enquanto Lula rebateu citando os casos de "rachadinha" (desvio de salários) nos gabinetes dos filhos do presidente e as suspeitas de superfaturamento e atraso na compra de vacinas contra covid-19.

O primeiro bloco do debate foi marcado pela troca de acusações entre Bolsonaro e Lula. O petista teve quatro direitos de resposta concedidos após ataques de Bolsonaro. O presidente teve duas réplicas aceitas.

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Nos três pedidos de direito de resposta seguidos, os dois trocaram acusações sobre episódios de corrupção durante os governos petistas e do atual presidente. Lula questionou Bolsonaro sobre sua gestão da pandemia e as acusações levantadas pela CPI da Covid. Bolsonaro respondeu mencionando a prisão do ex-presidente.

Ao se dirigir diretamente a Bolsonaro, Lula defendeu que o presidente tivesse "o mínimo de honestidade e o mínimo de seriedade". "Ele falar de quadrilha comigo? Ele precisava se olhar no espelho e ver o que está acontecendo durante o governo dele. O que foi a quadrilha da vacina, de um dólar por vacina? Se quer pedir direito de resposta, peça à CPI (da Pandemia). Quando vier ao microfone, você se comporte como um presidente e respeite quem está assistindo. Não minta", afirmou Lula.

Em resposta, Bolsonaro subiu o tom e partiu para o ataque. "Mentiroso. Ex-presidiário. Traidor da pátria. Que rachadinha? Rachadinha é teus filhos roubando milhões de empresas após a tua chegada ao poder. Que CPI é essa? Da farsa que você vem defender aqui. O que achou a meu respeito? Nada. Que dinheiro de propina? Não tenho propina", respondeu Bolsonaro em tom agressivo. "Toma vergonha na cara, Lula."

O petista voltou a pedir direito de resposta. Na terceira réplica seguida, Lula disse que irá rever os sigilos de 100 anos impostos em ações e medidas do governo federal durante os quatro anos de mandato e buscou baixar a temperatura. "Confesso ao povo que está nos assistindo que eu me sinto mal. Uma espécie que está atrapalhando o debate, quando podíamos estar discutindo o futuro desse país", afirmou.

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Também se defendeu dos ataques sobre corrupção. "Graças ao que fizemos para combater a corrupção, a corrupção foi descoberta e as pessoas foram punidas. Você podia prender os presos e liberar as empresas para funcionar", disse Lula.

Além da troca direta de acusações entre Lula e Bolsonaro, Ciro Gomes (PDT) usou suas participações para criticar o petista. Em uma dobradinha com Felipe D'Ávila (Novo), o ex-ministro dos governos petistas criticou os escândalos de corrupção.

Na primeira pergunta do debate, Ciro escolheu Lula para criticar erros das gestões do petista na Presidência. "Como é que o senhor explica que, depois de 14 anos de governos do PT, os cinco empresários mais ricos acumulam como acumulam o que possuem os 100 milhões de brasileiros mais pobres. O desemprego chegou perto de 12% ao fim desses 14 anos, explodiu o endividamento das famílias. É isso que o senhor pretende repetir?".

Lula respondeu citando números favoráveis de seu governo. As críticas diretas ao presidente ficaram a cargo de Simone Tebet (MDB). Bolsonaro usou uma pergunta à senadora para falar sobre o caso Celso Daniel. A candidata rebateu e se recusou a responder sobre o tema. "Lamento muito. Estamos a dois, três dias da eleição, e o que vemos aqui não é a apresentação de propostas, mas ataques mútuos para ver quem roubou mais, quem é mais incompetente e mais insensível", disse.

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A candidata Soraya Thronicke (União Brasil) arrancou risos em confronto com Padre Kelmon (PTB). Primeiro, disse, sem nominá-lo, que Bolsonaro seria nem-nem: "Nem estuda, nem trabalha". Depois, atacou diretamente o adversário: "O senhor é um padre de festa junina."

Bolsonaro e Ciro Gomes protagonizaram um embate sobre corrupção no governo federal. O presidente afirmou que o pedetista mente ao dizer que há "corrupção generalizada". "Que mentira, Ciro. Corrupção generalizada onde, Ciro? Me aponte uma fonte de corrupção. Não fala em corrupção em familiar. Onde é que tem corrupção na minha família? Não minta", disse.

Soraya voltou a citar a falta de medidas do governo federal no combate à pandemia de Covid e questionou Bolsonaro se ele havia se vacinado: "Se o senhor se vacinou, qual foi a vacina e quantas doses?". O presidente se esquivou da pergunta e não respondeu. "Vacinou-se quem quis. Eu respeito a individualidade e a liberdade de cada um."

Bolsonaro usou o tempo de resposta para atacar a senadora. "A senhora seria muito dócil comigo se eu tivesse atendido a senhora em todos os cargos que a senhora pediu para mim por ofício: Iphan, Ibama. A senhora gosta de cargos, deitar e rolar. Como não conseguiu, basicamente virou uma inimiga nossa".

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Soraya contra-atacou depois, dizendo que os ocupantes dos cargos não aceitaram fazer rachadinha. No debate marcado por pedidos de direito de resposta, o atual presidente negou que tenha responsabilidade sobre a existência do orçamento secreto. "O Parlamento falou que o orçamento tem que existir", disse, mencionando que o Congresso derrubou seu veto à medida.

O debate entre candidatos à Presidência organizado pela TV Globo contou com dezenove pedidos de respostas, quase o dobro do número de pedidos registrados no debate anterior, organizado pelo Estadão com o SBT e outros veículos de comunicação. Bolsonaro foi o campeão, com nove pedidos ao todo. O ex-presidente Lula ocupou a segunda posição, com seis pedidos. Soraya solicitou direito a duas respostas. A lista de contestações ainda teve um pedido de Tebet e outro do candidato Kelmon.

Bolsonaro teve cinco pedidos negados e quatro concedidos pelos organizadores do debate. Lula, quando pediu direito de resposta, obteve mais sucesso: foram quatro direitos concedidos, todos contra Bolsonaro, e outros dois pedidos negados. Soraya terminou o debate com um empate neste quesito: um pedido aceito, outro negado. Tebet fracassou no único pedido que fez, ao contrário do candidato Kelmon, que obteve o único direito de resposta que pediu.

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