Embaixador e almirante: quem são os candidatos a chanceler?

Ernesto Araújo pede demissão após pressão do Congresso e críticas por atuação na pandemia

29 mar 2021 - 18h06
(atualizado às 18h23)

O embaixador do Brasil na França, Luiz Fernando Serra, e o chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), almirante Flávio Rocha, são os nomes que o Palácio do Planalto discute para substituição do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que pediu demissão após pressão do Congresso.

Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro
Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Dentro do governo, a avaliação é que a situação do atual chanceler piorou muito depois que ele atacou a senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO) pelas redes sociais, associando a pressão pela sua demissão a interesses na implantação do sistema 5G.

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O nome do embaixador Serra agrada a integrantes da ala militar e a representantes do grupo mais ideológico do bolsonarismo. Ele assumiu a embaixada em 2019, mas conhece Jair Bolsonaro desde 2018, quando o então candidato visitou a Coreia do Sul. Na época, Serra era o embaixador no país. Os dois se aproximaram desde então e o diplomata chegou a ser cotado para assumir o Ministério, mas a preferência recaiu sobre Araújo. À frente da embaixada na França, Serra tem demonstrado publicamente forte alinhamento ideológico com o governo, especialmente durante o período em que o presidente francês Emmanuel Macron criticou a política ambiental brasileira.

Apesar disso, o nome do almirante Flávio Rocha segue sendo uma opção muito forte. Além de ser uma das pessoas mais próximas do presidente dentro do governo, tem feito quase um papel de bombeiro nas Relações Exteriores, para ajudar a resolver crises diplomáticas com outros países. Isso tem acontecido, especialmente, nas discussões que envolvem questões sobre a pandemia do coronavírus, como a aceleração na busca de vacinas e insumos, com países como Índia, China e Estados Unidos.

Apontado como um dos principais apoiadores do almirante, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, negou que estivesse "pedindo a cabeça" de Araújo dentro do governo. No fim de semana, o ministro usou suas redes sociais para dizer que "trabalha para construir pontes" do governo com outros setores. "Nunca pedi a cabeça de nenhum ministro, nem 'malhei' ninguém no Congresso. Seria antiético e não condiz com meu perfil. Trabalho para construir pontes, não destruí-las. Recado final aos desinformados e mal-intencionados: quem conhece o PR sabe que ele não aceita indicações de ninguém", escreveu, citando que o presidente não aceitaria sugestões na escolha de um substituto para Araújo.

Uma terceira opção, a de indicar um nome do Congresso, se tornou mais complicada depois do choque de Araújo com Kátia Abreu. Se Bolsonaro substituir o chanceler por um parlamentar, pode ficar a impressão de que cedeu às pressões políticas do centrão.

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Apesar disso, há nomes de parlamentares com os quais o presidente tem bom relacionamento, como os senadores Nelsinho Trad (PSD-MS), Antonio Anastasia (PSD-MG) e Fernando Collor (Pros-AL).

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