Empresários pesos-pesados puxam doações de R$ 246 mi para campanhas

O controlador da Cosan, Rubens Ometto, lidera a lista com um desembolso de R$ 5,75 milhões para 24 diferentes destinatários

14 set 2022 - 07h06
(atualizado às 07h47)
Tribunal Superior Eleitoral
Tribunal Superior Eleitoral
Foto: Dida Sampaio/Estadão

Puxadas por pesos-pesados do PIB, as doações de pessoas físicas a partidos e campanhas neste ano superam a marca de R$ 246 milhões. Individualmente, até ontem, 14 empresários doaram mais de R$ 1 milhão, cada, e, com isso, lideram o ranking de doações, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pela lei, pessoas físicas podem doar até 10% dos rendimentos brutos do ano anterior à eleição.

O controlador da Cosan, Rubens Ometto, lidera a lista com um desembolso de R$ 5,75 milhões para 24 diferentes destinatários. O PSD é o maior beneficiário. O partido recebeu 35% do total doado pelo empresário. Ometto não fez doações diretas para os candidatos à Presidência.

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Candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Infraestrutura de Jair Bolsonaro, recebeu 3,5% do total doado por Ometto. A ex-ministra da Agricultura, também do governo Bolsonaro, Tereza Cristina recebeu 1,8% das doações do empresário. Ela concorre ao Senado. Em nota, a Cosan afirmou que as doações de Ometto são realizadas em caráter pessoal e seguem as regras estabelecidas pelo TSE.

Controlador da empresa de aluguel de carros Localiza, Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro, fez doações que já somam R$ 3,1 milhões, divididos entre 27 candidatos a deputado federal de diferentes Estados. Em São Paulo, o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro Ricardo Salles (PL) recebeu 8% dos recursos. No Paraná, também foi beneficiado o ex-procurador da República e ex-chefe da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol (Podemos), com 0,8%.

Mattar afirmou estar apoiando "predominantemente, mas não exclusivamente, candidatos a governador, senador, deputado federal e deputado estadual pelo partido Novo, de cujos valores liberais compartilha e que renunciou ao uso de verba do fundo eleitoral". Destacou também que as doações estão em conformidade com a Justiça Eleitoral.

Na sequência dos maiores doadores está Heitor Vanderlei Liden, vice-presidente da Calçados Beira-Rio, com R$ 2,6 milhões repassados a Roberto Argenta, o dono da empresa calçadista gaúcha e candidato ao governo do Rio Grande do Sul pelo PSC.

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Outro nome no topo da lista dos doadores é o do banqueiro Candido Botelho Bracher, ex-presidente do Itaú Unibanco, com cerca de R$ 1,5 milhão distribuído entre 18 candidatos, entre eles Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro que concorre a senador por Mato Grosso do Sul.

No ranking estão ainda o controlador da fabricante de calçados Grendene, Alexandre Grendene (R$ 2,5 milhões), o economista Arminio Fraga, fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central (R$ 1,4 milhão), e o industrial de Santa Catarina Ricardo Minatto Brandão (1,2 milhão).

O principal beneficiado pelos recursos de Arminio é o candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PSB, Marcelo Freixo, com R$ 200 mil. O candidato ao Senado Alessandro Molon (PSB) e a candidata à Câmara Tabata Amaral (PSB) também receberam R$ 100 mil cada um. Arminio afirmou que as doações refletem sua "preocupação com os rumos do País". "Tenho dito a conhecidos, especialmente os mais jovens, que é hora de quebrar o porquinho e apoiar", disse.

Freixo é também um dos maiores beneficiados por doações feitas pelos irmãos Walter Salles e João Moreira Salles, ex-acionistas do Itaú Unibanco. Walter desembolsou, no total, R$ 1,15 milhão, sendo R$ 100 mil para Freixo. João doou R$ 1,1 milhão no total.

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Nome famoso do mercado financeiro, Luis Stuhlberger, do Fundo Verde, repassou R$ 760 mil para 11 candidatos a deputado federal, sobretudo dos partidos Novo, PSDB e PSD. Abilio Diniz já doou R$ 786 mil, sendo R$ 400 mil distribuídos igualitariamente entre os candidatos ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB). Procurado, o empresário informou que o mesmo valor, de R$ 200 mil, será doado ao candidato do PT, Fernando Haddad, mas ainda não consta no site do TSE.

PRESIDENCIÁVEIS

Uma das bases de suporte de Bolsonaro, empresários do setor agropecuário são presença marcante entre os principais doadores do presidente em busca da reeleição. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem recebido doações pelo partido, sendo o seu maior doador o fundador da operadora de saúde Hapvida, o empresário Candido Pinheiro Koren de Lima.

Procurados, Alexandre Grendene, Luis Stuhlberger, Candido Pinheiro Koren de Lima não quiseram se manifestar. A reportagem não conseguiu contato com Ricardo Minatto Brandão, Walter Salles, João Moreira Salles e Candido Bracher.

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