Entenda passo a passo de golpe de Estado orquestrado por Bolsonaro e aliados, segundo a PF

Decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou a Operação da Polícia Federal descreve como os aliados do ex-presidente se organizavam em diferentes frentes de atuação para dar corpo ao golpe de Estado

8 fev 2024 - 20h03
(atualizado às 20h35)
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) trabalhavam em diversas frentes para orquestrar golpe de Estado, aponta investigação da Polícia Federal.
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) trabalhavam em diversas frentes para orquestrar golpe de Estado, aponta investigação da Polícia Federal.
Foto: Gabriela Biló/Estadão / Estadão

Um grupo de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigados pela Polícia Federal (PF) por orquestrarem uma tentativa de golpe de Estado, é citado na decisão que autorizou a Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta-feira, 8.

Os nomes dos bolsonaristas são distribuídos conforme diferentes tipos de atuação. Em comum, todos trabalhavam para que o golpe e abolição do Estado Democrático de Direito fossem colocados em prática. Segundo a PF, "alguns investigados atuaram em mais de uma tarefa, colaborando em diversos núcleos de forma simultânea e coordenada".

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A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, traz os detalhes de como o esquema estava organizado, cobrindo pelo menos seis diferentes tipos de atuação. As tarefas das frentes tinham três objetivos: desacreditar o processo eleitoral, planejar e executar o golpe de Estado e abolir o Estado Democrático de Direito, para manter a permanência de seu grupo no poder.

"As condutas investigadas que visavam subverter o regime democrático foram realizadas ao longo de várias semanas e se acentuaram após as eleições de 2022. Para consecução da finalidade pretendida, os investigados utilizaram de ações coordenadas que exigiam prévio alinhamento de narrativas", afirma a PF no relatório.

Uma das frentes, chamada pela investigação de "Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral" foi a responsável por preparar o terreno e plantar as primeiras sementes do que virariam mais tarde narrativas para justificar o golpe. Esse núcleo tinha a missão de produzir, divulgar e amplificar notícias falsas sobre supostas fraudes no sistema eleitoral, antes mesmo das eleições 2022 ocorrerem. O objetivo, aponta a PF, era "estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações, das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o golpe de Estado".

Outra frente de atuação era responsável por incitar os militares a aderirem ao golpe. Para isso, o grupo elegia como alvo militares que resistiam as investidas golpistas e amplificavam ataques pessoais direcionados a eles. Paralelamente, o tentente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens da Presidência, atuava com outros aliados planejando e executando medidas para manter as manifestações em frente aos quartéis militares. Isso incluiu a "mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília".

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Outro núcleo foi responsável pela inteligência, reunindo informações e dados que auxiliassem Bolsonaro na "tomada de decisão" para a consumação do golpe. Entre as ações do grupo, estava o monitoramento de autoridades, incluindo Moraes, que, segundo a investigação, seria preso após Bolsonaro assinar o decreto de golpe de Estado, marcando o encadeamento de toda a ação.

Outra frente trabalhava, ainda, pela articulação entre os outros grupos, endossando as ações golpistas e incitando o apoio dos demais núcleos, e outra pelo aparato jurídico que daria "respaldo legal" ao golpe. Um documento, citado pela PF, teria sido elaborado detalhando medidas de exceção, com a prisão de autoridades e a realização de novas eleições, baseado em supostas fraudes nas eleições.

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