O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a política econômica do governo Temer quando privilegia corte de gastos, que prejudicam os mais pobres, e venda de ativos estatais, afirmando nesta quarta-feira que aumentaria os investimentos públicos, gastando até recursos das reservas internacionais, para reanimar a economia brasileira.
Em entrevista durante uma caravana por Estados do Nordeste, Lula avalia que o PT está se recuperando de um desastre político, mas que pode precisar encontrar um novo líder para a eleição presidencial do próximo ano se sua condenação de corrupção o tirar da disputa.
O governo Lula, entre 2003 e 2010, tirou milhões de pessoas da pobreza e pesquisas mostram que ele ainda é um dos políticos mais populares do País.
Mas se a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um tríplex no Guarujá for confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, ele será provavelmente impedido de se candidatar e possivelmente preso.
"Eu sei o que meus adversários pretendem, eu sei da vontade que eles têm de inviabilizar qualquer possibilidade de eu ser candidato, eu estou trabalhando e lutando contra isso", disse à Reuters.
"Não existe alguém insubstituível. Se por acaso acontecer um problema qualquer, o PT tem que ter a capacidade de lançar outro nome", afirmou.
Um possível substituto é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que ganhou relevância nacional ampliando o acesso dos mais pobres a universidades quando foi ministro da Educação.
Acusações de corrupção e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, indicada por Lula, fizeram com que muitos militantes deixassem o PT no último ano, o que levou a sérios retrocessos em eleições municipais.
Lula disse que os militantes que abandonaram o PT ainda não se juntaram a outros partidos e que, com os escândalos de corrupção atingindo a maior parte da classe política brasileira, eles ainda estão indecisos, de modo que o PT ainda espera conseguir seu apoio novamente.
Sua caravana de três semanas e 4 mil quilômetros pelo Nordeste, que se beneficiou muito de seus programas sociais, tem como objetivo restabelecer a ligação do PT com sua base social popular e reconstruir o que ainda é o maior partido de esquerda da América Latina.
Lula criticou o presidente Michel Temer pela privatização de ativos do Estado para tentar cobrir um enorme déficit orçamentário, que fez com que o Brasil perdesse seu grau de investimento há dois anos. Críticos argumentam que a crise fiscal é resultado de excessivos gastos públicos por Lula e Dilma.
Lula disse que a estratégia de cortes de gasto de Temer é a maneira errada de tirar o Brasil de sua pior recessão. O ex-presidente expandiria o investimento público, mesmo que isso significasse aumentar a dívida do governo em um primeiro momento, para reviver a economia e recuperar a receita tributária.
"Eu sinceramente utilizaria algum dinheiro das reservas internacionais para fazer o Brasil voltar a crescer", disse.
Lula disse que o governo pró-mercado de Temer não tem coragem de aumentar os impostos e fazer com que os ricos contribuam mais para as contas do governo. Ao invés disso, o governo está vendendo companhias estatais, como a Eletrobras.
"Quando eles não tiverem mais nada para vender, vão vender a alma ao diabo", ironizou.
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