Quando o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, visitou o presidente Jair Bolsonaro na quinta-feira, ele trouxe uma mensagem do governo norte-americano: não tumultue as eleições.
Uma fonte familiarizada com o assunto confirmou à Reuters que o governo Biden levantou preocupações com as afirmações infundadas de Bolsonaro de fraude no sistema de votação eletrônico brasileiro, e com sua ameaça de não aceitar os resultados da eleição do próximo ano se o sistema não for alterado.
A natureza da mensagem dada por Sullivan foi divulgada inicialmente pela Folha de S.Paulo no sábado. O jornal citou uma autoridade dos EUA segundo a qual Sullivan destacou a importância de não minar a confiança no processo eleitoral brasileiro, especialmente sem a apresentação de nenhuma evidência de fraude em eleições passadas.
Bolsonaro vem há tempos criticando as urnas eletrônicas usadas no Brasil e pedindo a adoção de voto impresso que possa ser auditado no caso de contestação do resultado. Ao mesmo tempo, tem atacado continuamente o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que também é ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora tenha prometido fazê-lo, Bolsonaro não forneceu provas de fraude ou vulnerabilidade. E ao contrário do que diz o presidente, o sistema eletrônico de votação é auditável.
Críticos temem que Bolsonaro, como seu ex-aliado Donald Trump quando estava na Presidência dos EUA, esteja plantando dúvidas no caso de derrota na eleição de 2022. Com a popularidade abalada, Bolsonaro vê o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderar neste momento as pesquisas sobre a disputa do próximo ano.
A delegação de Sullivan transmitiu a confiança dos EUA na capacidade das instituições brasileiras de realizar eleições livres e justas em 2022, disse a embaixada norte-americana em comunicado, se dar detalhes.
Sullivan também se encontrou com o ministro da Defesa, Walter Braga Netto e com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.