BRASÍLIA E SÃO PAULO - O ministro Paulo Pimenta, designado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para coordenar as ações do governo federal no Rio Grande do Sul, voltou a indicar neste domingo, 19, que o chefe do Palácio do Planalto poderá voltar a promover falas públicas semanais. Lula chegou a realizar lives nos primeiros meses do governo com o programa "Conversa com o Presidente", mas o formato obteve pouca audiência e foi abandonado.
"Estamos discutindo um formato de encontros semanais. Talvez, inclusive, a gente continue gravando de manhã e possa veicular à noite. O melhor seria fazer ao vivo à noite, mas para poder fazer ao vivo à noite a gente precisaria derrubar a agenda do presidente toda à tarde", disse Pimenta durante uma transmissão ao vivo com veículos de comunicação que apoiam o governo.
Para assumir a autoridade federal no Rio Grande do Sul, Pimenta se afastou da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, mas mantém influência sobre a estrutura da pasta. No momento, a Secom é comandada interinamente pelo jornalista Laércio Portela.
Lives de Lula foram sinalizadas como 'promoção pessoal'
Durante os primeiros meses do terceiro mandato de Lula, no primeiro semestre de 2023, equipe de comunicação do presidente investiu nas transmissões ao vivo como meio direito para a comunicação da Presidência.
A Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), entidade pública responsável pelo "Conversa com o Presidente", investiu em contratações como a do jornalista Marcos Uchôa, ex-TV Globo. Além de Uchôa, como mostrou o Estadão, as lives de Lula levaram a um aumento de 30% nos cargos comissionados da EBC, ou seja, contratações sem concurso público.
Apesar das investidas, o programa não obteve o retorno esperado e as lives "floparam", termo usado na internet como sinônimo de "fracassado". A audiência simultânea das transmissões, realizadas às terças-feiras, ficava na casa dos 6 mil.
Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) viu indícios de promoção pessoal no programa. A Corte de Contas sugeriu ao Palácio do Planalto que a estrutura oficial do governo não fosse utilizada para promover da imagem do presidente.