A presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, deixou evidente durante sua passagem em Porto Alegre sua estratégia de colocar o senador tucano Aécio Neves (PSDB) como principal adversário na disputa pelo Planalto e ignorar a candidatura de Marina Silva (PSB). Segundo os responsáveis pela campanha de Dilma no Rio Grande do Sul, o movimento serve tanto para minimizar o potencial da ex-senadora do Acre como para aproximar a presidente de setores do PSB que, em solo gaúcho, já tem dissidentes.
Dilma se reuniu com prefeitos, vices, vereadores e lideranças de 13 siglas que apoiam sua candidatura no Estado (entre eles representantes do PSB e do DEM) no centro de eventos do Hotel Plaza, localizado no centro da capital gaúcha na manhã deste sábado. Durante o evento, ela voltou a fazer comparações entre as gestões petistas e as do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com críticas fortes aos tucanos.
“Há dois projetos. Um quer o passado, quer que o país se curve, desempregue, arroche, aumente tarifa e imposto. No meu governo, criamos 5,4 milhões de novas vagas e o País se dá ao luxo de enfrentar a crise gerando emprego, investindo em trabalho e infraestrutura. Nós fizemos. Quem não fez, não pode se comparar conosco.”
No discurso, a mandatária disse que os adversários na eleição assinalam estar à frente de um governo durante o qual a inflação aumentou e o Produto Interno Bruto (PIB) caiu, prometeu um novo ciclo de crescimento.
Dilma também fez referência à área da saúde, reconhecendo que há “um problema grave” principalmente em relação ao acesso da população a exames laboratoriais e atendimento em algumas especialidades médicas, além de “desafios” no na gestão e atendimento em hospitais. “Temos que dar muitos passos na saúde, mas demos um passo gigantesco com o Mais Médicos”, considerou.
Antes de terminar, ela também fez uma referência velada à expressão “nós acreditamos no Brasil”, utilizada por Eduardo Campos durante sua entrevista ao Jornal Nacional uma noite antes de sua morte, e que o PSB transformou em bordão depois da tragédia. “Nós sempre acreditamos no Brasil. Acreditei na cadeia, sendo torturada. Acreditar na democracia é obrigação dos cidadãos.”
Durante o evento, a presidente em mais de uma ocasião fez referência a sua vinculação ao Rio Grande do Sul, e lembrou-se de momentos de sua trajetória agradecendo a lideranças partidárias locais como o ex-governador Alceu Collares (PDT) e o ex-ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (PMDB), presentes no evento.
No RS, conforme as últimas pesquisas, Dilma tem mais de 40% das intenções de votos.
Febre de Selfies
Ao final do encontro, ostentando no braço esquerdo um terço colorido que ganhou durante o ato, Dilma falou rapidamente com os jornalistas e não quis comentar o acordo de delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, divulgado na sexta-feira. Mas parou para ouvir o depoimento elogioso de um rapaz a respeito das obras realizadas no porto de Rio Grande, na zona Sul do Estado.
Ao final da conversa com a candidata, ele perguntou se podiam fazer uma selfie. “Depois disso, você acha que eu vou dizer não?”, respondeu a petista, se posicionando sorridente para o autorretrato.
Para que Dilma saísse do centro de eventos e chegasse ao carro, a segurança montou um corredor estreito, mas não impediu que o espaço fosse cercado de militantes, que gritavam a acenavam para a presidente, solicitando mais fotos.
A exemplo do que havia feito no comício da noite de sexta e na viagem de trem entre as cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo, na sexta à tarde, a presidente voltou a demonstrar seu gosto pelas selfies, se aproximando das dezenas de telas e braços estendidos.
Do hotel, Dilma seguiu para a BR 448, que liga Porto Alegre à cidade de Sapucaia do Sul, para a gravação de imagens para o programa de TV. Construída para desafogar o trânsito na região Metropolitana, a estrada (com 22 quilômetros de extensão e custo de R$ 1,3 bilhão) foi inaugurada no ano passado e é apontada pela petista como um dos grandes investimentos de seu governo no Rio Grande do Sul.
Depois das gravações, a presidente ainda cumpre agenda privada. Ela deve retornar a Brasília no final do dia.
Coligações partidárias: Dilma, Aécio e Eduardo Campos