Em acordo de colaboração fechado com o Ministério Público de São Paulo, o ex-CEO do grupo Ecovias, Marcelino Rafart de Seras, declarou que a empresa fez repasses de mais R$ 3 milhões via caixa 2 para campanhas do ex-governador Geraldo Alckmin - provável candidato a vice em uma chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições ao Planalto em 2022. O colaborador afirmou que a empresa fez os repasses 'por uma política de boa vizinhança' com Alckmin.
As declarações foram feitas na época que Seras fechou o acordo com o MP, em abril de 2020. Com a homologação feita pelo Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo nesta terça-feira, 15, os integrantes da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público começam a ouvir investigados. O Estadão apurou que pelo menos 30 citados vão ser ouvidos.
A decisão do Conselho Superior foi tomada por unanimidade. O ex-presidente da Ecovias vai pagar R$ 12 milhões, segundo prevê o acordo, a título de indenização ao Tesouro.
Em depoimento já prestado anteriormente aos promotores, o executivo chegou a afirmar que 'todas as licitações de concessões de rodovias no Estado de São Paulo entre 1998 e 1999 foram fraudadas'.
As informações já reveladas pelo 'colaborador' da Ecovias - que na época tinha o nome de Primavi -, vão permitir aos promotores traçarem o mapa da investigação. Segundo ele, na época das licitações, os grupos econômicos 'combinaram os valores entre si para pegar as concessões'.
COM A PALAVRA, O EX-GOVERNADOR
A reportagem do Estadão buscou contato com o ex-governador Geraldo Alckmin e, até a publicação deste texto, sem sucesso. O espaço está aberto para manifestações.