Ex-comandante do Exército diz que não removeu acampamento em Brasília por ordem de Bolsonaro

Depoimento de Freire Gomes à PF foi considerada crucial por confirmar informações fornecidas na delação premiada de Mauro Cid

5 mar 2024 - 16h10
(atualizado às 17h04)
Resumo
Ex-comandantes da FAB, Marinha e Exército forneceram detalhes à Polícia Federal sobre as articulações golpistas lideradas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e confirmaram suas presenças em uma reunião com Bolsonaro acerca de um decreto golpista.
Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército Brasileiro
Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército Brasileiro
Foto: TV Brasil

O ex-comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, afirmou à Polícia Federal que não ordenou a remoção do acampamento instalado em frente ao quartel-geral (QG) de Brasília por ordem do então presidente Jair Bolsonaro (PL). As informações são da CNN. 

Após o resultado das eleições, apoiadores de Bolsonaro iniciaram a montagem de estruturas ao redor dos QGs do Exército. Na época, esses grupos solicitavam a intervenção dos militares para manter o ex-presidente no poder, independente do resultado das urnas. 

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Em 11 de novembro de 2022, Freire Gomes, junto aos então comandantes da Marinha, Almir Garnier, e da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Junior, assinaram uma nota intitulada “Às Instituições e ao Povo Brasileiro”. Nesse documento, os acampamentos bolsonaristas foram referidos como "manifestações populares".

“São condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade”, dizia trecho da nota.

Próximo ao término do mandato de Bolsonaro, em 29 de dezembro, o general Gustavo Henrique Dutra, que estava à frente do Comando Militar do Planalto, ordenou o desmantelamento do acampamento no QG de Brasília. A justificativa era reduzir o risco de confronto entre apoiadores de Bolsonaro e simpatizantes de Lula, que começavam a se dirigir à capital federal para acompanhar a posse do presidente eleito.

No entanto, a ordem foi suspensa por Freire Gomes, que entrou em contato com o general no mesmo dia e vetou qualquer intervenção no acampamento, alegando ter recebido instruções do então presidente Bolsonaro.

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Freire Gomes foi ouvido pela PF na última sexta-feira, 1º, e a oitiva chamou a atenção por implicar diretamente o ex-presidente na trama. Quem também confirmou a ação de Jair Bolsonaro às autoridades foi o brigadeiro Carlos de Almeida Batista Jr. As informações são da jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo.

Depoimentos comprometem Bolsonaro

Os ex-comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, forneceram detalhes à Polícia Federal sobre as articulações golpistas lideradas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Em depoimento, eles afirmaram ter participado de uma reunião convocada por Bolsonaro para discutir uma minuta de um decreto golpista. 

As oitivas foram consideradas cruciais pelos investigadores, pois confirmaram as suspeitas iniciais da investigação e acrescentaram novos elementos para aprofundar o caso.

Freire Gomes prestou depoimento na última sexta-feira e confirmou sua presença na reunião relacionada ao decreto golpista, conforme informações da CNN. 

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Segundo fontes próximas à investigação, o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, também confirmou sua presença na mencionada reunião. Entretanto, o conteúdo dos depoimentos permanece sob sigilo.

Os depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica confirmam as informações fornecidas na delação premiada de Mauro Cid. Já o comandante da Marinha optou por permanecer em silêncio durante seu depoimento à PF.

Fonte: Redação Terra
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