Durante a investigação na Operação Lava Jato que apura o esquema de desvios de recursos da Petrobras a Polícia Federal interceptou uma troca de mensagens entre o doleiro Alberto Youssef e José Ricardo Nogueira Breghirolli, da empreiteira OAS, na qual combinam a entrega de R$ 500 mil em um endereço em Porto Alegre. O dinheiro seria destinado ao ex-conselheiro do Grêmio e ex-presidente da Grêmio Empreendimentos, Eduardo Antonini, considerado um dos mentores do projeto de construção do novo estádio gremista cuja obra foi realizada pela empreiteira OAS, suspeita de participação no esquema de pagamento de propinas da estatal. Ele nega que tenha qualquer envolvimento, e diz que já prestou esclarecimentos em março à polícia. “Já esclareci e ficou tudo resolvido”.
A troca de mensagens interceptada pela investigação ocorreu em março deste ano. Nela, Alberto Youssef combina com Breghirolli a entrega do dinheiro no bairro Três Figueiras, endereço nobre da capital portoalegrense, onde Antonini vive.
“Foi feito um inquérito em março e foram prestados todos os esclarecimentos, e eu sequer fui indiciado. Nunca apareceu meu nome, tinha o endereço da minha residência em uma troca de mensagens de terceiros, não era minha... não tinha nada a ver com isso, nunca apareceu meu nome em nada. Nunca vi na minha vida esse doleiro, essa pessoa, e durante anos de investigação nunca apareceu meu nome, meu email, meu telefone ou troca de mensagens, e pude esclarecer isso em março e ficou resolvido”, justifica Antonini.
O ex-dirigente gremista foi um dos idealizadores do projeto da Arena do Grêmio, cuja obra e administração são de responsabilidade a OAS Arenas, e cujo contrato com a atual gestão do clube gaúcho é tema de uma negociação que se arrasta desde a inauguração do estádio em dezembro de 2012. Antonini fazia parte do grupo político ligado ao ex-presidente do clube Paulo Odone e alegou discordância com a gestão de Fabio Koff ao deixar o cargo em junho de 2013.
Youssef é considerado o operador do esquema de desvio de recursos da Petrobras, que funcionava ainda com a participação de indicados políticos de dentro da estatal e de empreiteiras que criaram um cartel para combinar o resultado das licitações das quais participavam, cujos valores eram acrescidos de um percentual de 3% do valor total da obra para o pagamento de propinas.
De acordo com as investigações, o Grupo OAS firmou contratos de mais de R$ 134 milhões com a Petrobras (com valores em dólares atualizados com a cotação desta terça-feira). O dinheiro da propina era depositado em contas de empresas de fachada de Alberto Youssef. A empreiteira, segundo a investigação, teria depositado R$ 6,9 milhões e mais US$ 4,8 milhões nessas contas.
Em seus depoimentos Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras) apontaram o presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho (Leo Pinheiro) e o diretor da área internacional da empresa, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, como principais responsáveis pelo esquema, que contava ainda com a participação, entre outros nomes, de José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário da empresa.
Em nota, a "OAS informa que foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal, em visita à sua sede em São Paulo. A empresa está à inteira disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações”.