O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa citou, em depoimentos sob acordo de delação premiada, 28 políticos envolvidos no suposto esquema de pagamento de propina envolvendo a estatal, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta sexta-feira.
A relação inclui ministro e ex-ministros do governo Dilma Rousseff, deputados, senadores, governador e ex-governadores, segundo o jornal, que informou ter obtido os nomes apontados por Costa em 80 depoimentos dados entre agosto e setembro.
Costa, preso no início do ano na operação Lava Jato e agora em prisão domiciliar, prestou as informações sob acordo de delação premiada e foi indiciado pela Justiça do Paraná por crimes ligados a irregularidades cometidas à época em que ocupava cargo na diretoria da estatal, entre 2004 e 2012.
A Petrobras está no centro de um escândalo de corrupção pelo suposto esquema envolvendo superfaturamento de contratos de empreiteiras com a estatal e repasse de recursos para partidos e políticos governistas.
Segundo a reportagem, a lista do ex-diretor inclui políticos do PT, PMDB, PP, PSB e PSDB. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o ex-ministro petista Antonio Palocci.
Os repasses feitos aos políticos, segundo o jornal, chegaram a superar 1 milhão de reais, dinheiro que teria sido usado em campanhas eleitorais.
Além de senadores do PT, PMDB e PP a lista inclui o ex-governador e ex-candidato à Presidência do PSB morto, Eduardo Campos, e o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, também falecido.
A lista completa dos políticos citados por Costa divulgada pelo jornal:
PT: senadora Gleisi Hoffmann (PR), ex-ministra da Casa Civil; senador Humberto Costa (PE), líder do partido na Casa; ex-ministro Antonio Palocci; senador Lindbergh Farias (RJ); governador Tião Viana (AC); senador Delcídio Amaral; deputado federal Cândido Vaccarezza (SP);deputado federal Vander Loubet (MS)
PMDB: senador Renan Calheiros (AL), presidente do Congresso Nacional; ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; deputado federal Henrique Eduardo Alves (RN), presidente da Câmara; ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral; ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney; senador Valdir Raupp (RO); senador Romero Jucá (RR); deputado federal Alexandre José dos Santos (RJ)
PSB: ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos
PP: senador Ciro Nogueira (PI); deputado federal João Pizzolatti (SC); deputado federal Nelson Meurer; deputado federal Simão Sessim (RJ); deputado federal José Otávio Germano (RS); senador Benedito de Lira (AL); ex-ministro das Cidades Mário Negromonte; deputado federal Luiz Fernando Faria (MG); ex-deputado federal Pedro Corrêa (PE); deputada federal Aline Lemos de Oliveira (SP)
O presidente da Câmara já havia se manifestado em outro momento, negando ter pedido ou recebido qualquer tipo de ajuda do ex-diretor. Em nota divulgada nesta sexta, Alves afirmou que "a delação premiada é um instrumento que beneficia o réu e não deve ser tomada como prova de verdade". Renan também já havia afirmado que suas relações com diretores da Petrobras "nunca passaram os limites institucionais".
Em reportagem publicada no site do Estado de S.Paulo nesta madrugada, negaram, diretamente ou por meio de assessores ou advogados, envolvimento com qualquer irregularidade: Palocci, Lobão, Gleisi, Negromonte, Viana, Cabral, Roseana, Lindbergh, Raupp, Nogueira, Jucá e Costa.
O PSB divulgou nota onde diz ter "extrema confiança" em Campos, "um líder com reputação ilibada".
Em resposta a demandas da Reuters, os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP), Luiz Fernando Faria (PP-MG), Aline Lemos de Oliveira (PP-SP), Vander Loubet (PT-MS) e José Otávio Germano (PP-RS) negaram envolvimento com irregularidades, assim como os senadores Benedito de Lira (PP-AL) e Delício Amaral (PT-MS), que classificou o "vazamento" da delação de "ilegal e irresponsável".
O PSDB divulgou nota afirmando que "já reiterou por diversas vezes que defende que todas as denúncias sejam investigadas com o mesmo rigor".
As assessorias e gabinetes dos deputados Nelson Meurer (PP-PR) e Simão Sessim (PP-RJ) foram procuradas, mas ainda não comentaram a reportagem.
(Por Maria Pia Palermo, no Rio de Janeiro, e Maria Carolina Marcello, em Brasília)