Ex-diretor do Ministério dos Direitos Humanos acusa Silvio Almeida de assédio moral: 'Socava mesa'

O ex-diretor Leonardo Pinho afirmou que já foi alvo de xingamentos

12 set 2024 - 15h46
(atualizado às 23h49)
Silvio Almeida foi exonerado do cargo de ministro dos Direitos Humanos e Cidadania um dia depois das denúncias de assédio sexual virem à tona
Silvio Almeida foi exonerado do cargo de ministro dos Direitos Humanos e Cidadania um dia depois das denúncias de assédio sexual virem à tona
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil / Estadão

O ex-diretor do Ministério dos Direitos Humanos, Leonardo Pinho, afirmou em entrevista à coluna de Guilherme Amado, do portal Metrópoles, que já sofreu assédio moral por parte de Silvio Almeida em diversas reuniões. Segundo ele, o ex-ministro já bateu na mesa e gritou com ele. Um dos episódios teria ocorrido em novembro do ano passado, antes de Pinho pedir demissão no final do ano.

"Por volta de outubro, ele me chamou ao gabinete dele e me pediu para gravar reuniões com a minha equipe, que tinha se recusado a assinar documentos fora do fluxo do ministério. Também pediu para eu gravar integrantes do Ciamp [Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua], que haviam criticado o plano do ministério por falta de transparência. Eu falei 'não'. Foi a mesma cena: ele se levantou da mesa, xingou e deu socos na mesa. Me disse que os meus dias estavam contados", afirmou Pinho

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Segundo o ex-diretor da pasta, durante essa conversa, ele sugeriu que fosse aprimorada a relação com outros ministérios, mencionando Anielle. Ele afirmou que fez essa observação por ter recebido relatos de dificuldades na comunicação entre os dois ministros.

"Imaginei que era assédio moral, por causa da subordinação orçamentária da Igualdade Racial aos Direitos Humanos. A Anielle dependia do Silvio em termos de orçamento para tudo, até para passagens aéreas", explicou.

No entanto, de acordo com ele, a reação do ministro foi extremamente negativa. "Ficou descontrolado, transtornado, quando mencionei a Anielle. Me falou: 'Você está insinuando o quê? Sou ministro de Estado, você é um merda'. Fiquei sem entender e tive medo de ele me agredir. Ele também disse, em relação ao meu trabalho no ministério: 'Eu vou acabar com a sua vida, você não vai mais existir'."

Pinho contou que, naquele dia, ficou muito abalado. "Saí da reunião, liguei para minha esposa e chorei. Tive problemas de saúde por causa dessa situação, pressão alta, diabetes, ganhei peso. Eu já estava decepcionado com ele, mas ali fiquei com medo. Era uma pessoa de envergadura, que foi sócio de escritórios importantes de advocacia."

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O Terra tenta contato com Silvio Almeida. O espaço continua aberto para manifestações.

Acusações de assédio sexual

A organização Me Too - que apoia vítimas de violência sexual - confirmou no último dia 5 que recebeu denúncias de assédio sexual contra o então ministro Sílvio Almeida.

Dentre as vítimas estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que teria relatado assédio por parte dele a integrantes do governo em junho deste ano.

Após as acusações virem à tona, Almeida foi exonerado do cargo, e o caso é investigado pela Polícia Federal. 

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Fonte: Redação Terra
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