Ex-diretor nega organização criminosa dentro da Petrobras

Paulo Roberto Costa, que chegou a ser preso pela Polícia Federal, disse que a estatal não é uma "casa de negócios"

10 jun 2014 - 11h06
(atualizado às 15h24)

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa negou nesta terça-feira a existência de uma organização criminosa na estatal. Em depoimento na CPI da Petrobras no Senado, Roberto Costa repudiou a divulgação de denúncias contra ele no momento em que esteve preso por suposta participação em um esquema de lavagem de dinheiro.

"Como todos sabem, fiquei retirado do convívio social por 59 dias (período em que esteve preso) e nao tive oportunidade de colocar nenhuma posição minha. Foram colocadas situações irreais que eu repudio veementemente que a Petrobras era uma casa de negócios, que tinha uma organização criminosa. A Petrobras é uma empresa extremamente séria, extremamente competente”, disse o ex-diretor, investigado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

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Paulo Roberto Costa traçou um histórico de sua carreira na Petrobras, na qual entrou por concurso público na década de 70. Ele disse que a imprensa tentou colocar uma "pedra" na história dele dentro da estatal. 

“Eu coloco para vocês que a Petrobras não é nada disso que está se falando. Alguns veículos de comunicação colocaram alguns dados sem fundamento, sem direito nenhum de eu colocar uma contraposição. Isso colocou uma pedra em cima da minha carreira na Petrobras, eu fui para Petrobras por competência técnica. Realmente conseguiram colocar minha figura dentro do cenário nacional, uma posição extremamente delicada, sem fundamentos. Eu me sinto muito constrangido disso tudo que está acontecendo", afirmou. 

Paulo Roberto Costa foi convocado pela CPI da Petrobras no Senado, controlada por governistas e boicotada pela oposição. O ex-diretor é acusado de integrar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Ele é suspeito de favorecer contratos na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. 

O ex-diretor disse que as acusações foram inventadas. Segundo ele, não há superfaturamentos e lavagem de dinheiro dentro da Petrobras. "Pode-se fazer auditoria por 50 anos na Petrobras e não vai se achar nada na Petrobras, porque não tem nada na Petrobras. Os controles são enormes", disse. 

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Ele negou a suspeita de superfaturamento na refinaria de Abreu e Lima para lavar dinheiro com ajuda do doleiro Alberto Youssef. "Essa suposição de superfaturamento de Abreu e Lima é irreal, isso é uma ilação. Não existe organização criminosa. Eu não sei porque inventaram essa história. Essa é uma história inventada", disse.

"Não fiquei anos na companhia se eu não fosse honesto. Não entrei na diretoria da companhia pela janela ou de paraquedas. Me sinto extremamente magoado, meu nome foi destruído, minha reputação. Não aceito e acho que isso foi feito de forma inadequada", disse.

Costa disse ter conhecido Youssef em 2007, quando ele assessorava o ex-deputado José Janene. Ele disse ter prestado uma consultoria para o investigado, que queria comprar a empresa Ecoglobal, que planejava assinar um contrato com a Petrobras. O trabalho foi pago com a compra de um Land Rover Evoque.

Dinheiro vivo era para pagamentos, afirma Costa

Questionado sobre a quantia de dinheiro apreendida pela PF em sua casa (R$ 762 mil, mais de US$ 180 mil e cerca de 10 mil euros), o ex-diretor disse que precisava do montante em reais para fazer pagamentos de contas e impostos. Os dólares eram uma economia do tempo em que esteve na Petrobras, justificou.

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“Eu tenho uma empresa e tenho necessidade de dinheiro vivo para fazer pagamento de contas e impostos”, disse o ex-diretor. Sobre os dólares, disse não ter declarado no imposto de renda. “Foram dólares que eu comprei ao longo do tempo em que estive na Petrobras, como todo brasileiro”, afirmou.

Costa disse que também não citou a quantia em reais no imposto de renda por se tratar de um empréstimo. Questionado por que não efetuava os pagamentos por via bancária, o ex-diretor desconversou. "Podia fazer via bancária, mas não tem nada que me impeça de ter dinheiro na minha casa”, disse. 

Pasadena foi bom negócio independente de cláusulas, diz ex-diretor

Respondendo a uma pergunta do relator da CPI da Petrobras no Senado, José Pimentel (PT-CE), Paulo Roberto Costa disse que a compra da refinaria de Pasadena foi um bom negócio, independente das cláusulas omitidas em um parecer apresentado para o Conselho de Administração da empresa. A presidente Dilma Rousseff, que presidia o conselho em 2006, na época da compra, atribuiu o negócio a um documento falho elaborado pelo ex-diretor da área Internacional Nestor Cerveró, por não destacar os dois pontos do contrato.

"Independente das cláusulas, eu acho que foi um negócio bom para a Petrobras”, disse. "Não era por essas cláusulas que a Petrobras deixaria de fazer o negócio. O grande objetivo era colocar petróleo do mercado brasileiro e vender derivados no mercado”, afirmou o ex-diretor.

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Para Costa, o Brasil precisava refinar para atribuir valor ao petróleo no mercado internacional. Ninguém coloca petróleo cru na indústria, ninguém coloca petróleo cru nos carros. Então tem de ter refinaria”, disse.

Petrobras foi precipitada ao divulgar preço de Abreu e Lima

Para Paulo Roberto Costa, a Petrobras agiu de forma precipitada ao divulgar a conta de que a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, custaria US$ 2,5 bilhões, quando na verdade a conta deve passar de US$ 18 bilhões. Ele repetiu a versão dada ao jornal Folha de S.Paulo, ao qual disse que a estatal havia feito uma “conta de padeiro”. “A Petrobras errou em divulgar esse número, que era um número muito preliminar”, disse. 

Segundo o ex-diretor, a Petrobras fez uma estimativa com base em uma refinaria do Golfo do México e gerou o preço com base na produção de barris por dia, antes de ter um projeto. "Não houve má-fé, não houve erro técnico. Houve o erro de divulgar uma coisa que era extremamente preliminar", disse.

Fonte: Terra
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