Executivo da UTC Engenharia réu na Lava Jato coloca Chinaglia e Wagner como testemunhas

29 jan 2015 - 13h53

A defesa de Ricardo Pessoa, executivo da UTC Engenharia preso na operação Lava Jato, indicou o ministro da Defesa, Jaques Wagner, e o deputado federal Arlindo Chinaglia (SP), ambos do PT, como testemunhas de defesa no processo que responde por suposto envolvimento em um esquema de corrupção na Petrobras.

Entre as 22 testemunhas apontadas pela defesa de Pessoa à Justiça Federal do Paraná também estão o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo e os deputados federais Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, e Jutahy Magalhães (PSDB-BA).

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Pessoa é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. A defesa do executivo rejeita as denúncias do Ministério Público, aceitas pela Justiça Federal do Paraná, e pediu a absolvição de Pessoa.

Procurado, o Ministério da Defesa informou que Wagner só vai se pronunciar quando for notificado pela Justiça.

Em nota, Chinaglia disse desconhecer "as razões pelas quais foram arrolados líderes empresariais, ministros e ex-ministros e parlamentares de diversos partidos", negou ter relações pessoais com o executivo e disse tê-lo recebido somente uma vez, quando presidiu a Câmara, como parte de um grupo de líderes empresariais.

"Em razão de minhas funções institucionais como presidente da Câmara Federal, recebi um conjunto de líderes empresariais, entre eles o senhor Ricardo Pessoa, este na condição de representante de associação empresarial", afirma em nota.

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"Finalmente, asseguro não manter relações pessoais com o referido senhor, nem tampouco vejo qualquer sentido em vir a testemunhar nesse processo."

Chinaglia é candidato à presidência da Câmara.

A assessoria de imprensa de Paulinho da Força não respondeu imediatamente a pedidos de comentários, e os telefonemas para o gabinete do deputado Jutahy Magalhães não foram atendidos.

O fato de a defesa de Pessoa ter pedido a inclusão de testemunhas não implica intimação das testemunhas indicadas, já que a Justiça analisará os pedidos e decidirá se os acata ou não.

Pessoa é uma das 23 pessoas ligadas a seis das principais empreiteiras do país que se tornaram réus na Lava Jato. No total, 39 pessoas acusadas de envolvimento no suposto esquema de corrupção na Petrobras respondem a processo na Justiça, entre elas dois ex-diretores da estatal: Paulo Roberto Costa, que foi diretor de Abastecimento, e Nestor Cerveró, que comandou a área internacional da empresa.

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PROJETO DE PODER

Em outro documento enviado à Justiça, a defesa do doleiro Alberto Youssef, acusado de ser operador do suposto esquema de corrupção na Petrobras, rejeita a tese de que ele seria o chefe do esquema e afirma que "agentes políticos e públicos" davam as ordens para atender a um "projeto de poder".

"Youssef não é e não foi o líder da organização criminosa descrita nos autos. Sua participação foi subsidiária às ordens de agentes políticos e públicos, os maiores responsáveis pelo esquema que desviou fabulosas quantias dos cofres da Petrobras visando a manutenção de um projeto de poder bem definido: vontade de submeter partidos, corromper ideias e subverter a ordem constitucional", disse a defesa do doleiro, em documento incluído nos autos do processo.

"Embora esse projeto de poder não seja novo, haja vista já ter sido implementado antes em outros órgãos públicos conforme restou provado no julgamento da Ação Penal 470/MG, conhecido como “mensalão”, no caso vertente foi superlativo quer pelo requinte dos malfeitos quer pela audácia e desmedida ganância dos agentes políticos."

Youssef fez acordo de delação premiada com a Justiça e está colaborando com as investigações em troca de uma redução de pena.

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