O presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, confessou à Justiça que a empresa pagou propina para executar obras na Ferrovia Norte-Sul, segundo informações publicadas nesta quinta-feira pelo jornal O Globo. O executivo teria admitido que o esquema irrigou cofres de partidos políticos e agentes públicos e foi feito nos mesmos moldes das operações que foram feitas com os contratos da Petrobras, incluindo a formação de cartel.
A empreiteira participou de contratos no valor de R$ 1 bilhão na ferrovia, assinados em 2010 com a Valec, estatal ligada ao Ministério dos Transportes que administra as ferrovias brasileiras. O presidente relatou um esquema similar ao “Clube das Empreiteiras”, esquema que determinava quais empresas venceriam as licitações na Petrobras.
O executivo ainda afirmou que a distribuição de propinas seguia regras similares ao esquema na Petrobras – a PF revelou que 1% dos contratos da estatal com as empresas do cartel abasteciam partidos políticos e agentes públicos. Com acordo de delação premiada e prisão domiciliar, o executivo será chamado a depor novamente para esclarecer como eram feitos os pagamentos e o valor das propinas, segundo o jornal.
Em contato com a publicação, a Camargo Corrêa negou corrupção e afirmou que “não tem acesso ao referido acordo de colaboração, desconhece seus termos e também o teor dos depoimentos. A empresa reitera que permanece à disposição das autoridades”. A Valec disse que não foi notificada sobre o conteúdo da delação do executivo e que desconhece os fatos citados.