Exército e Marinha também contrataram empresa que ofereceu software de espionagem para Abin

Um contrato para 'ampliação da plataforma de inteligência' foi fechado pelo escritório de Washington do Exército em 2018; Força diz que não pode se manifestar, alegando sigilo, e Marinha ainda não respondeu

20 out 2023 - 17h34
(atualizado às 21h40)
Exército também tem contrato com empresa para fornecimento de sistema que está sob suspeita na Abin
Exército também tem contrato com empresa para fornecimento de sistema que está sob suspeita na Abin
Foto: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO

BRASÍLIA - O Exército e a Marinha também contrataram a empresa que ofereceu a ferramenta israelense usada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no governo de Jair Bolsonaro, para monitorar jornalistas, políticos e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os contratos mais recentes, firmados com dispensa de licitação, foram fechados em 2018 e 2019, conforme registros públicos. No caso do Exército, o acordo se deu por meio do escritório de Washington - um mecanismo de compras que está sob cujas compras estão sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).

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Ainda não há informações oficiais sobre qual foi o contrato em que o acesso ao sistema foi entregue aos militares, nem como teria se dado um eventual uso indevido da tecnologia. Tanto o Exército como a Marinha foram procurados para se manifestarem sobre o contrato.

Em nota, o Exército disse que não poderia responder às perguntas feitas pelo Estadão porque, conforme a Lei de Acesso à Informação, são consideradas sigilosas informações que afetam "áreas de interesse estratégico nacional" e podem "pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades".

A Marinha afirmou que "o contrato citado possui caráter sigiloso, por conter informações sensíveis, relacionadas à atividade de inteligência voltada ao desempenho operacional da Força", mas disse que "desenvolve as referidas atividades em conformidade com a Constituição Federal e com as normas constantes no ordenamento jurídico nacional".

O contrato da Abin, com dispensa de licitação, para o uso do software de localização, chamado First Mile, teve início no fim de 2018, no governo de Michel Temer (MDB). O programa foi comprado por R$ 5,7 milhões da empresa israelense Cognyte (atual nome da Verint), de acordo com o MPF.

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