O Exército enviou ofício à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal solicitando ajuda para controlar manifestantes que não aceitam a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) e protestam diante do Quartel-General do Exército, em Brasília. Entre os pedidos feitos pelo Comando Militar do Planalto ao governo do DF estão a proibição da entrada de carros de som no QG e o envio de ambulâncias do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
"Em virtude de manifestações e aglomeração de pessoas em grande escala, ocorridas nos últimos dias e sem previsão de término, solicito à Secretaria de Segurança Pública verificar a possibilidade de não autorizar a entrada de 'trio elétrico' no Setor Militar Urbano", diz um trecho do ofício.
Os manifestantes fazem atos no QG desde a semana passada e protestam contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu a disputa para o petista no segundo turno, pedem intervenção militar para impedir Lula de retornar ao poder.
Como argumento para a "intervenção federal", os manifestantes usam uma interpretação deturpada do artigo 142 da Constituição, que tem sido citado por apoiadores de Bolsonaro para embasar ações antidemocráticas e contestar o resultado das urnas. Especialistas afirmam que não há respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa sobre a função das Forças Armadas no País.
O secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, afirmou ao Estadão que os carros de som serão proibidos. "Por ser área militar, o uso de carro de som no Setor Militar Urbano (SMU) sempre depende de autorização do Exército Brasileiro. Todas as vezes en que foi utilizado, contou com a autorização do Exército Brasileiro. Caso haja autorização, poderá ser utilizado. Caso contrário, não", afirmou
Desde a semana passada, a Secretaria de Segurança Pública fechou o acesso de carros à Praça dos Três Poderes, local que abriga o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). A medida tem o objetivo de dificultar a aproximação de radicais à sede do STF, que foi alvo de ataques de Bolsonaro e seus apoiadores durante todo o processo eleitoral.
Segundo o secretário Júlio Danilo, não há previsão para a liberação do fluxo. "Como temos a presença de manifestantes na cidade, estamos avaliando o melhor momento, junto aos três Poderes da República, para saber quando poderemos liberar", disse ele.