O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira que a reforma política só não foi aprovada pelo Congresso Nacional porque "faltou protagonismo do PT e do governo federal" para levar os projetos adiante.
“Nós tivemos muitas dificuldades, nós já votamos muita coisa de reforma política”, disse Renan. “Mas faltou, sobretudo, nesses momentos, o protagonismo do governo e o protagonismo do PT. Eu espero que, a partir de agora, com o protagonismo da presidente da República e com o protagonismo do seu partido, do PT, nós tenhamos condições para levar adiante essa reforma política”, continuou.
As declarações de Renan foram dadas em uma cerimônia na qual o PMDB entregou sua proposta de reforma política ao presidente do partido, o vice-presidente da República Michel Temer. Depois das manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), que levaram milhares de pessoas às ruas do País no último domingo, a petista voltou a defender a necessidade de realização de uma reforma política.
A relação entre o presidente do Senado e o Palácio do Planalto estremeceu depois que Renan teve seu nome incluído pela Procuradoria-Geral da República na lista de investigados da Operação Lava Jato, que apura desvios na Petrobras.
De acordo com Michel Temer, com o PMDB ocupando as presidências do Senado e da Câmara (que está sob o comando do deputado Eduardo Cunha), a reforma política “agora vai”. “Nós temos a obrigação de não falharmos neste momento. Precisamente no instante em que o PMDB ocupa a presidência da Câmara e a presidência do Senado, o País confia muito que agora a reforma política vai”, afirmou Temer.
A opinião é compartilhada por Renan, que afirma que as Casas poderão estabelecer uma espécie de “pauta expressa” para aprovar a reforma. “Eu quero dizer que, com a presidência do Senado e com a presidência da Câmara, nós vamos poder estabelecer uma espécie de pauta expressa de matérias que simultaneamente possam ser apreciadas.”
Financiamento privado
A proposta do PMDB, contudo, não está totalmente alinhada com o que defende o PT, que prega, por exemplo, o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais. No texto apresentado hoje, o PMDB defende a manutenção do financiamento privado, embora limite as contribuições de empresas a apenas um candidato; o PMDB também pede a mudança do sistema eleitoral para o modelo chamado “distritão” e defende o fim da reeleição, com mandatos de cinco anos.
“Conversa e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. O que exatamente foi entregue ao presidente Michel Temer é que ele inicie as negociações. É necessário que haja negociação”, disse o ex-ministro Moreira Franco, presidente nacional da Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao PMDB, palco da cerimônia de entrega da proposta.
“A reforma política passa a ser um fato a partir das articulações que o presidente do PMDB, Michel Temer, fará, para junto de lideranças da Câmara e do Senado, para encaminhar e negociar essas propostas que estamos fazendo”, completou Moreira Franco.