Filhos de Bolsonaro têm 116 cargos nomeados no Congresso

Em áudios, ex-assessor de Flávio indica caminho para nomeações em gabinetes

24 out 2019 - 16h08
(atualizado às 16h18)

Citados pelo ex-policial Fabrício Queiroz, os cargos no Congresso sob o comando da família Bolsonaro somam, por mês, quase R$ 1 milhão em salários. Ao todo, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) têm 116 pessoas nomeadas nas estruturas do Congresso, somando as vagas nos gabinetes ou relacionadas a funções de comando que os dois exercem.

Em áudios divulgados pelo jornal O Globo, Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), indica caminhos para nomeações no Congresso. De acordo com a publicação, a mensagem foi enviada em junho - seis meses depois que o Estado revelou que o ex-assessor foi citado em relatório do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf, agora Unidade de Inteligência Financeira) por movimentações atípicas em sua conta.

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Presidente Jair Bolsonaro em Brasília
18/10/2019
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro em Brasília 18/10/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O Estado mapeou os cargos e os salários nos gabinetes dos dois filhos de Bolsonaro e, também, em postos chaves que cada um ocupa como, no caso de Eduardo, a Liderança do PSL e a Comissão de Relações Exteriores (Creden) da Câmara. Já Flávio tem aliados nomeados na Terceira Secretaria do Senado, que comanda, além dos gabinetes de Brasília e do Rio de Janeiro. O levantamento contabilizou os cargos que dependem exclusivamente da vontade dos dois parlamentares.

Apesar de poder gastar até R$ 500 mil por mês em verba para contratar funcionários, Flávio não utiliza todo o montante. Por mês, ele gasta R$ 366 mil com salários de 18 funcionários em seu gabinete no Senado, sete no escritório que mantém no Rio e quatro na Terceira Secretaria da Casa. Os valores dos salários variam entre R$ 27 mil (já com os descontos) a R$ 2 mil.

No áudio, Queiroz cita mais "de 500 cargos" na Câmara e no Senado. "Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles em nada. '20 continho' aí para gente caía bem pra c*."

Ele cita ainda o gabinete do ex-chefe. "O gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores lá para conversar com ele. Faz fila. É só chegar: 'Meu irmão, nomeia fulano para trabalhar contigo aí'. Salariozinho bom, para a gente que é pai de família, p* que pariu, cai igual uma uva."

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O salário de '20 continho', porém, não é para todo mundo. Com Flávio, 9 das 29 pessoas nomeadas por ele ganha igual ou mais do que isso.

Eduardo Bolsonaro

Na lista de Eduardo, 15 de 84 cargos que o deputado tem à sua disposição pagam mensalmente mais de R$ 20 mil. O volume de cargos na mão do deputado cresceu significativamente nesta semana após ser confirmado como líder do PSL. Foram 71 cargos a mais que agora o filho "03" têm para nomear.

Defesa

A defesa de Queiroz diz ver "com naturalidade" o capital político do ex-assessor. Indicação de eventuais assessores não constitui qualquer ilícito. "A defesa técnica de Fabrício Queiroz vê com naturalidade o fato dele ser uma pessoa que ainda detenha algum capital político, uma vez que nunca cometeu qualquer crime, tendo contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no Estado do Rio de Janeiro", diz o advogado Paulo Klein.

"Portanto, a indicação de eventuais assessores não constitui qualquer ilícito ou algo imoral, já que, repita -se, Fabrício Queiroz jamais cometeu qualquer ato criminoso."

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