A Justiça de Alagoas decidiu suspender o direito de Jullyene Lins, ex-mulher do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), usufruir do apartamento que lhe foi cedido como parte da divisão de bens após o divórcio. O imóvel fica na Ponta Verde, em Maceió, e os donos são os filhos do casal.
Os filhos de Jullyene e Lira entraram na Justiça para tirar da mãe o direito de morar no local depois de serem notificados sobre uma dívida de R$ 179,2 mil, de acordo com reportagem do Jornal Extra de Alagoas. O valor diz respeito à falta de pagamento de taxas de condomínio deixadas por ela.
A suspensão do usufruto, direito de uma pessoa usar o imóvel sem ser a proprietária, aconteceu porque a Justiça entendeu que os donos da casa poderiam até perder o imóvel devido à falta de pagamento do condomínio, já que ele pode ser penhorado e leiloado em casos de dívidas. Jullyene não reside no imóvel desde dezembro de 2020, quando começou a alugá-lo.
Ela diz que deixou a cidade por medo de intimidações e influência do deputado. Nas redes sociais, Jullyene diz ter sido vítima de uma suposta armação.
"Chega a ser imoral vermos documentos juntados ao processo de cobrança de condomínios uma decisão de poucos dias quebrando o usufruto de um bem que nunca me foi dado oficialmente e que nele eu apenas residia e tentava a trancos e barrancos me manter na posse", escreveu.
"Eu gostaria muito de saber se fosse ao contrário e eu fosse a devedora, será que se eu tentasse homologar um acordo na justiça dando o que nunca havia sido meu e me responsabilizasse por pagamentos de dívidas jamais pagas, eu ainda estaria solta se fosse contra o Arthur Lira? Antes de me julgarem, busquem a verdade, o sofrimento e a perda de familiares pelo dinheiro e status machucam muito, mas não irão tirar de mim, o direito de expor a verdade e dela fazer, a verdadeira justiça!", completou no post.
Entenda a ação na Justiça
Em 2021, o condomínio entrou com uma ação de cobrança contra Jullyene, alegando que ela deixou de pagar as taxas desde agosto de 2018. Ainda sem receber o valor solicitado, o prédio pediu à Justiça a inclusão dos filhos como proprietários, para que eles paguem a dívida.
O imóvel, adquirido por Arthur Lira em abril de 2015, ainda não foi registrado em cartório, segundo o Jornal Extra de Alagoas. O valor da compra foi de R$ 999,9 mil.
Já em maio deste ano, o condomínio incluiu na ação um pedido de bloqueio das contas de um dos filhos e do próprio Arthur Lira — já que um dos filhos é menor de idade. O caso corre em segredo de Justiça.
O Terra entrou em contato com o gabinete de Arthur Lira, mas até o momento não houve manifestação sobre o caso. O espaço segue aberto para manifestações.
Questionados, o Tribunal de Justiça de Alagoas e o Ministério Público Estadual de Alagoas também não se manifestaram sobre o caso até a publicação desta reportagem.