O agora ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou que foi cassado por vingança pela sua atuação contra a corrupção. Ele também classificou a decisão da Corte como "um exercício de futurologia". As declarações foram feitas durante entrevista para a Globo News nesta quinta-feira, 18.
"Eu fui cassado por vingança, fui cassado porque eu ousei o que é mais difícil no Brasil, enfrentar um sistema de corrupção, os corruptos mais poderosos do País. O TSE expandiu o entendimento da lei, isso não pode ser feito. Fizeram um exercício de futurologia para justificar minha condenação", disse em entrevista.
Com a decisão, Dallagnol perde o mandato na Câmara dos Deputados. Os votos que ele recebeu no pleito de outubro de 2022 votos serão computados para o partido.
Os ministros seguiram o voto do relator, Benedito Gonçalves. O ministro sustentou que o ex-procurador pediu exoneração do cargo de procurador da República como "subterfúgio", na tentativa de "se esquivar da lei" e para "frustrar a incidência do regime de inelegibilidade".
A decisão atendeu a um pedido da federação Brasil da Esperança, composta por PT, PCdoB e PV. A federação usou a Lei da Ficha Limpa para questionar a elegibilidade do deputado, já que ele era alvo de reclamações administrativas quando disputou as eleições em 2022.
Entenda o motivo da cassação
Deltan Dallagnol era procurador do Ministério Público Federal (MPF) e já era alvo dessas reclamações administrativas e sindicâncias quando decidiu pedir seu desligamento em novembro de 2021. Caso as reclamações fossem atendidas, ele poderia ter sido demitido - e, pela Lei da Ficha Limpa, magistrados e membros do MPF não podem lançar candidaturas se tiverem pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos disciplinares.