O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), defendeu o pai sobre o caso das joias milionárias retidas pela Receita Federal.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o parlamentar negou que houvesse interesse pessoal no item porque "ninguém sabia o que tinha lá dentro". "Podia ser um copo de água, ninguém sabia", afirmou. "E, se tivesse má-fé, ninguém ia fazer o trajeto de passar pelo raio-x da Receita, não ia trazer num voo comercial", concluiu.
No dia 26 de outubro de 2021, a Receita Federal apreendeu um estojo com joias de diamantes, avaliadas em R$ 16,5 milhões, que seria um presente dos sauditas para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Na entrevista, Flávio também refutou a possibilidade de o estojo com as joias, presenteadas pela Arábia Saudita, fosse um presente com finalidade escusa, como pagamento de propina, o que é investigado por uma comissão do Senado Federal.
"Os presentes vieram lacrados de lá para cá. Se tivesse má-fé, não ia passar pelo raio-x da Receita. Podia muito bem ter pegado isso lá fora e vindo para cá sem ninguém saber. Não vejo ilegalidade. Tanto é que ficou mais de um ano o troço largado lá, sem o conhecimento, inclusive da Michelle. Então não tinha nenhum interesse particular de se beneficiar disso. Eu acho que a imprensa está cometendo um erro de tentar vincular qualquer benefício à Arábia Saudita a esse presente", disse o senador.
Sobre o fato de o item ter ficado retido na Receita, Flávio atribui a isso um possível desconhecimento da comitiva brasileira em declarar as joias corretamente. "Acho que por desconhecimento da burocracia", pontuou.
O senador ainda comentou o segundo estojo com joias masculinas que chegou até o destino final, foi recebido por Bolsonaro, e deve ser devolvido após decisão Tribunal de Contas da União (TCU). "Ele [Jair Bolsonaro] falou que recebeu isso, foi ao Comitê de Ética da Presidência e disse que podia ficar no acervo privado e ele cumpriu a lei, mais nada".
Questionado também se presentes com valores altos - como as joias sauditas - deveriam ser declarados como patrimônio da União, e não ser incluído no acervo pessoal do presidente da República, Flávio disse que "a lei é vaga". "Tanto é vaga que o TCU está dizendo que tem que haver uma mudança legal para deixar com critérios objetivos", afirmou.