Os depoimentos dos ex-ministros de Jair Bolsonaro (PL) perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fortalecem os principais argumentos apresentados pelo relator, ministro Benedito Gonçalves, em seu voto que sustenta a inelegibilidade do ex-presidente devido ao abuso de poder político e ao uso indevido dos meios de comunicação. As oitivas ocorreram em caráter sigiloso e foram obtidas pelo jornal O GLOBO.
O ex-chanceler Carlos França declarou que a reunião com embaixadores, na qual o ex-presidente Bolsonaro fez ataques infundados ao sistema eleitoral e que se tornou o ponto central do principal processo contra ele, foi solicitada pela Presidência.
"Foi uma decisão da Presidência da República", disse França em depoimento.
Por sua vez, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, afirmou que, apesar de ter participado de uma transmissão ao vivo na qual o então presidente fez acusações sobre fraudes eleitorais, nunca teve acesso a qualquer informação da Polícia Federal que sustentasse tais alegações de manipulação de resultados eleitorais. Esses depoimentos têm relevância no contexto do julgamento em curso.
As oitivas têm sido consideradas relevantes no atual julgamento em andamento na Corte.
Depoimento Carlos França
Durante seu depoimento, o ex-chanceler Carlos França, que ocupava o cargo de ministro das Relações Exteriores na época, afirmou que a reunião com os diplomatas no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, foi realizada por iniciativa da Presidência.
Segundo França, acredita-se que era responsabilidade da Presidência da República se manifestar diretamente aos chefes de missão de outros países no Brasil.
França também argumentou que a intenção de Bolsonaro ao realizar a reunião era expressar a posição do Executivo em relação à busca de critérios de transparência.