O fotojornalista Lula Marques, que atua no Congresso Nacional, rebateu nesta quarta-feira, 5, a uma provocação da deputada federal Rosângela Moro (União-SP). No dia anterior, Marques fotografou uma conversa de WhatsApp no plenário do Senado entre o senador Sérgio Moro (União-PR) e sua esposa, Rosângela. Na conversa, ela expressava preocupação com o fato de seu marido ter se tornado réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por calúnia contra o ministro Gilmar Mendes.
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Após a foto viralizar, Rosângela provocou o fotojornalista com uma "enquete" em suas redes sociais, associando o profissional ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Enquete: quem mais acha reprovável que fotógrafo ligado a LulE fique bisbilhotando conversa de marido e mulher?", escreveu a deputada federal.
Lula Marques, então, respondeu: "Deputada, tenho orgulho de ser ligado a quem salvou a democracia desse País. Estou na trincheira que defende a liberdade de imprensa e a democracia. Não faço parte da mídia que ajudou o seu marido a levar o País para o buraco, prendendo um inocente e apoiando um golpista".
Entenda caso
No mesmo dia em que o STF decidiu abrir processo criminal contra Moro, o ex-juiz da Lava Jato tentou tranquilizar a esposa, deputada Rosângela Moro (União-SP). Em uma conversa pelo celular às 17:30, quando o julgamento da Primeira Turma da Corte já tinha sido encerrado, Rosângela contactou o marido querendo saber qual era o crime e qual era a pena.
No início da conversa, Rosângela pergunta ao senador qual seria o delito no qual ele está sendo acusado: "Qual crime? Calúnia?". Moro responde: "Calúnia". A deputada questiona se a pena seria maior que quatro anos. O ex-juiz da Lava Jato responde: "Em tese pode ser em decorrência das causas de aumento, mas altamente improvável".
Rosângela reage demonstrando preocupação: "Ish, aonde você está?". O senador responde: "Plenário. Não se preocupe tanto".
Moro réu
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira, 4, aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) réu pelo crime de calúnia. O motivo foi um comentário feito contra o ministro Gilmar Mendes, também do Supremo.
Por unanimidade, os cinco integrantes da Primeira Turma votaram para torná-lo réu. São eles: a relatora do caso, Cármen Lúcia, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.
A denúncia se fundamenta em um vídeo no qual Moro é visto rindo e mencionando a possibilidade de "comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes". Em abril do ano passado, quando a denúncia foi apresentada, o senador criticou a medida, chamando-a de "açodada" e "sem base".
"Não, isso é fiança. Instituto para comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes", diz Moro em vídeo que motivou a denúncia.
A denúncia foi formulada pela então vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, ainda durante a gestão de Augusto Aras na PGR. Araújo alegou que Moro cometeu o crime de calúnia ao insinuar que Gilmar pratica corrupção passiva. Por essa razão, solicitou a perda do mandato do senador caso ele seja condenado a uma pena superior a quatro anos de prisão.
Na ocasião, por meio de nota, Moro afirmou que "os fragmentos do vídeo editado e divulgado por terceiros não revelam qualquer acusação contra o Ministro Gilmar Mendes".
"O Senador Sergio Moro sempre se pronunciou de forma respeitosa em relação ao Supremo Tribunal Federal e seus Ministros, mesmo quando provocado ou contrariado. Jamais agiu com intenção de ofender ninguém e repudia a denúncia apresentada de forma açodada pela PGR, sem base e sem sequer ouvir previamente o Senador", dizia o texto.