Gastos em cartão corporativo de Bolsonaro devem ser maiores do que o divulgado para 2022

Segundo especialista, apenas R$ 4 milhões foram divulgados, mas valores podem chegar a R$ 22 milhões de despesas no ano passado

17 jan 2023 - 09h38
(atualizado às 09h47)
Jair Bolsonaro durante evento em Brasília
Jair Bolsonaro durante evento em Brasília
Foto: Wallace Martins / Reuters

Os gastos com o cartão corporativo da Presidência da República pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano de 2022 podem ser bem maiores do que o que foi divulgado até o momento. Essa é a projeção de Luiz Fernando Toledo, cofundador da agência Fiquem Sabendo. Foi o especialista quem encontrou os dados sobre as despesas de Bolsonaro, divulgados pela Secretaria-Geral da Presidência da República até então.

Em entrevista ao podcast O Assunto, Toledo explicou que a planilha divulgada não parece trazer todos os gastos da antiga gestão no ano de 2022.

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"Os dados divulgados na semana passada pelo governo federal falam em R$ 4 milhões gastos no cartão corporativo da Presidência em 2022, enquanto os que estão no Portal da Transparência falam em R$ 22 milhões", detalhou.

Toledo chama atenção para gastos de Bolsonaro em viagens para outros países. "Muitas viagens para o exterior não aparecem na planilha", alerta.

O cofundador da Fiquem Sabendo destacou ainda, além das despesas, sejam colocadas a público também as notas fiscais das compras, para que fique detalhado o que exatamente foi adquirido com o cartão corporativo.

Gastos de Bolsonaro 

Os gastos com o cartão corporativo da presidência da República, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), vieram a público no último dia 12, revelando ao menos R$ 27,6 milhões em despesas, muitas delas chamam a atenção pelos valores. Ao todo, constam no sistema 22 CPFs de servidores responsáveis pelas compras, mas apenas dois concentram a metade das notas fiscais.

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Dos 59 tipos de despesas feitas com o cartão, os gastos com hotel foram os que mais consumiram recursos. Pelo menos R$ 13,6 milhões foram desembolsados em hospedagem: muitas vezes em locais de luxo, contrariando o discurso adotado muitas vezes por Bolsonaro, que afirmava ser contrário a esbanjar dinheiro público quando é possível optar pela simplicidade.

Também chama a atenção na lista de gastos expressivos a presença de um acanhado restaurante de Boa Vista, em Roraima. Há uma nota de R$ 109 mil no Sabor de Casa, estabelecimento que fornece marmitas promocionais a R$ 20 e também faz entregas. A nota fiscal é de 26 de outubro de 2021, quando Bolsonaro estava na cidade para verificar a situação de refugiados vindos da Venezuela. O mesmo local recebeu dois pagamentos - de R$ 28 mil e R$ 14 mil - em setembro do mesmo ano.

O paladar infantil e a predileção por doces, muitas vezes confessados por Bolsonaro, aparecem em números. Em cinco sorveterias foram feitas 62 compras, que somaram R$ 8,6 mil. Em uma única vez foram gastos R$ 540. Não é ilegal comprar sorvete com o cartão corporativo - mas esse recurso deve ser usado para ações fundamentais ao governo, principalmente em deslocamentos – e todas as sorveterias listadas no sistema são de Brasília, assim como as 11 despesas em lojas com cosméticos que somam R$ 1 mil.

Fonte: Redação Terra
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