Os gastos com o cartão corporativo da Presidência da República pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano de 2022 podem ser bem maiores do que o que foi divulgado até o momento. Essa é a projeção de Luiz Fernando Toledo, cofundador da agência Fiquem Sabendo. Foi o especialista quem encontrou os dados sobre as despesas de Bolsonaro, divulgados pela Secretaria-Geral da Presidência da República até então.
Em entrevista ao podcast O Assunto, Toledo explicou que a planilha divulgada não parece trazer todos os gastos da antiga gestão no ano de 2022.
"Os dados divulgados na semana passada pelo governo federal falam em R$ 4 milhões gastos no cartão corporativo da Presidência em 2022, enquanto os que estão no Portal da Transparência falam em R$ 22 milhões", detalhou.
Toledo chama atenção para gastos de Bolsonaro em viagens para outros países. "Muitas viagens para o exterior não aparecem na planilha", alerta.
O cofundador da Fiquem Sabendo destacou ainda, além das despesas, sejam colocadas a público também as notas fiscais das compras, para que fique detalhado o que exatamente foi adquirido com o cartão corporativo.
Gastos de Bolsonaro
Os gastos com o cartão corporativo da presidência da República, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), vieram a público no último dia 12, revelando ao menos R$ 27,6 milhões em despesas, muitas delas chamam a atenção pelos valores. Ao todo, constam no sistema 22 CPFs de servidores responsáveis pelas compras, mas apenas dois concentram a metade das notas fiscais.
Dos 59 tipos de despesas feitas com o cartão, os gastos com hotel foram os que mais consumiram recursos. Pelo menos R$ 13,6 milhões foram desembolsados em hospedagem: muitas vezes em locais de luxo, contrariando o discurso adotado muitas vezes por Bolsonaro, que afirmava ser contrário a esbanjar dinheiro público quando é possível optar pela simplicidade.
Também chama a atenção na lista de gastos expressivos a presença de um acanhado restaurante de Boa Vista, em Roraima. Há uma nota de R$ 109 mil no Sabor de Casa, estabelecimento que fornece marmitas promocionais a R$ 20 e também faz entregas. A nota fiscal é de 26 de outubro de 2021, quando Bolsonaro estava na cidade para verificar a situação de refugiados vindos da Venezuela. O mesmo local recebeu dois pagamentos - de R$ 28 mil e R$ 14 mil - em setembro do mesmo ano.
O paladar infantil e a predileção por doces, muitas vezes confessados por Bolsonaro, aparecem em números. Em cinco sorveterias foram feitas 62 compras, que somaram R$ 8,6 mil. Em uma única vez foram gastos R$ 540. Não é ilegal comprar sorvete com o cartão corporativo - mas esse recurso deve ser usado para ações fundamentais ao governo, principalmente em deslocamentos – e todas as sorveterias listadas no sistema são de Brasília, assim como as 11 despesas em lojas com cosméticos que somam R$ 1 mil.