Geddel nega que pressionou mulher do operador Funaro

O ex-ministro admitiu, em audiência de custódia na Justiça Federal de Brasília, ter ligado possivelmente 10 vezes para Raquel Pitta

6 jul 2017 - 18h27
(atualizado às 18h35)

O ex-ministro Geddel Vieira Lima admitiu nesta quinta-feira em audiência de custódia na Justiça Federal de Brasília, ter ligado possivelmente mais de 10 vezes para Raquel Pitta, mulher do operador financeiro Lúcio Funaro, mas afirmou que não houve pressão ou "sondagem" sobre a situação de Funaro.

Ex-ministro Geddel Vieira Lima durante reunião no Palácio do Planalto em Brasília
22/11/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Ex-ministro Geddel Vieira Lima durante reunião no Palácio do Planalto em Brasília 22/11/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Preso na última segunda-feira acusado de tentar atrapalhar as investigações da operação Cui Bono, em que é citado por ter supostamente recebido recursos em troca da liberação de financiamentos na Caixa Econômica Federal, Geddel continuará preso em Brasília por determinação do juiz federal Vallisney de Oliveira.

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Em depoimento à PF, Funaro entregou imagens da tela do celular da sua mulher que mostram pelo menos 12 ligações na noite em que foi revelada a delação dos executivos da JBS e nos dias seguintes.

"Acabei de dizer que nesta ligação se tratou exatamente: 'Como vai você?', porque é o mínimo. 'Sua família está bem?' Não se tratou de marido dela, de esposo dela, nada disso", afirmou Geddel. "Ela ligava para mim, eu retornei de vez em quando. Uma senhora que estava na situação que estava, enfim. Nunca perguntei sobre condições financeiras".

Ao prestar depoimento à PF no inquérito que investiga o presidente Michel Temer por obstrução da Justiça, Funaro afirmou que "estranhou" os contatos de Geddel logo depois da delação da JBS e diz que as conversas teriam sido uma tentativa de descobrir se ele, que está preso há um ano em Brasília, teria intenções de assinar uma delação premiada.

De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, Funaro está preparando sua delação e foi transferido na quarta-feira do Complexo Penitenciário da Papuda para a Superintendência Regional da PF em Brasília para acelerar os procedimentos da sua delação.

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Sobre as informações prestadas pelo empresário Joesley Batista, um dos controladores da J&F, holding que controla a JBS, e por Ricardo Saud, executivo do grupo empresarial, de que Geddel sempre perguntava como estava o "passarinho", referindo-se a Funaro, o ex-ministro garantiu que nunca houve "sondagem" ou "pressão", mas que pode ter falado do assunto como qualquer pessoa.

"Posso ter perguntado em geral sobre todo mundo. Esse é um assunto do dia a dia, é um assunto que domina, é um assunto das rodas de conversas", disse.

Abatido, de cabeça raspada, o ex-ministro chegou a se emocionar durante o depoimento e se disse "surpreso" com o pedido de prisão e que sempre cooperou com a Justiça.

"Tenho crença inabalável que em nenhum momento eu tomei nenhuma atitude que pudesse ser interpretada como um embaraço à Justiça", afirmou.

Recentemente, incomodado com as informações de que poderia ser preso, Geddel ofereceu ao Supremo Tribunal Federal seus sigilos bancário e telefônico e a entrega de seu passaporte.

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O juiz Vallisney, que decretou a prisão preventiva de Geddel, não aceitou os pedidos da defesa de trocar a prisão por medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica e prisão domiciliar. Determinou, no entanto, que Raquel Pitta seja ouvida e uma perícia seja feita em seu celular para confirmar as ligações de Geddel e o teor das conversas.

O juiz aceitou que a prisão seja revista em 10 dias, depois de realizados os procedimentos determinados na audiência. Geddel está preso na Papuda, depois de ter sido transferido de Salvador ainda na segunda-feira.

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