Em dezembro de 2021, à frente do Ministério dos Direitos Humanos, a senadora Damares Alves gastou R$ 1,6 milhão para apresentar o programa Abrace o Marajó em uma exposição em Dubai. O programa gerido por ela apresentou diversas irregularidades e foi cancelado pela gestão atual.
À frente do Ministério dos Direitos Humanos no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a senadora Damares Alves (Republicanos) gastou R$ 1,6 milhão para apresentar o programa Abrace o Marajó em uma exposição em Dubai, em dezembro de 2021. Após observar irregularidades e falhas, o governo do presidente Lula (PT) cancelou o programa realizado na Ilha de Marajó (PA), segundo o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
Do montante gasto, R$ 1,4 milhão foi pago à empresa Pico Internacional, sediada em Dubai, além de R$ 200 mil gastos em diárias e passagens para a ExpoDubai. Conforme informações dos documentos de contratação, a ação buscava dar "visibilidade mundial" ao programa.
A exposição, montada no pavilhão do Brasil na ExpoDubai, teve réplicas de locais da Ilha do Marajó, como casas de palafitas em regiões alagadas. Na época, o governo Bolsonaro prometia reforçar as políticas públicas na região ao tentar colher dividendos políticos com o programa. "O paraíso fica no Marajó", disse Damares na exposição internacional.
Em contrapartida, durante a eleição em 2022, a então ministra denunciou supostos casos de abuso sexual infantil na Ilha de Marajó, conforme investigações do Ministério Público Federal (MPF). Em decorrência das falsas acusações, em 2023, o órgão cobrou uma indenização de R$ 5 milhões de Damares e da União por danos morais e sociais à população de Marajó.
De acordo com o governo Lula, o programa gerido por Damares apresentou diversas irregularidades e falhas, além de "atender a interesses estrangeiros". O relatório técnico apontou que o programa foi usado para "exploração de riquezas naturais, sem benefício ou participação da população local".
Além disso, a atual gestão avaliou os indicadores sociais na região, como a queda de 17% da cobertura vacinal, entre 2019 e 2022, e o aumento de 0,45% da mortalidade infantil, em 2022. O programa foi cancelado em setembro do ano passado e reformulado.
Ainda segundo a publicação, Damares defendeu a participação na exposição e disse que não teve tempo de alcançar os avanços sociais na Ilha de Marajó.
"A ExpoMarajó foi realizada para promover a região para o mundo, abrir o arquipélago para investimentos e parcerias, tanto para o desenvolvimento humano e econômico, quanto pela preservação e exploração sustentável das belezas naturais", declarou em entrevista concedida à coluna.