'Gilberto Carvalho me ameaçou', acusa ex-governador Arruda

Ministro de Lula teria proposto a ele que mudasse de partido

6 jul 2014 - 09h24

O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, 60 anos, diz ter sido vítima de um "golpe" engendrado pelo PT, cujo "artífice" foi o atual governador distrital, Agnelo Queiroz (PT), ao explicar o seu envolvimento no mensalão do DEM, quando apareceu em vídeo recebendo dinheiro em espécie. Ele cita uma suposta ameaça recebida de Gilberto Carvalho, com quem esteve em setembro de 2009, um pouco antes da eclosão do escândalo. Na época, Carvalho era chefe do Gabinete Pessoal do então presidente Lula. "Ele foi me pressionar: Ou você muda de partido ou você vai cair'. Foi um recado muito claro que recebi", diz Arruda. "O que ele fez de maneira velada foi uma ameaça", acusa. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo. 

Filiado ao PR, Arruda pretende reconquistar nas urnas neste ano a cadeira que perdeu em 2010, após o escândalo do mensalão do DEM, seu partido à época. Ele não está vetado pela Lei da Ficha Limpa porque não foi condenado por órgão colegiado. Antes do escândalo, Arruda recebeu em almoço Dilma Rousseff e Erenice Guerra. Dilma era ministra da Casa Civil. Erenice, a secretária-executiva. Ambas também teriam sugerido a Arruda que abandonasse o DEM. 

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Arruda alega que a gravação é de 2005, quando era deputado federal, e não governador. Ele afirma que pegou o dinheiro, mas que não ficou com os recursos. "Não há na gravação nenhuma cena que mostra eu levando o dinheiro. Eu devolvi". Onde está essa cena da devolução? Segundo o ex-governador, foi cortada numa edição.

Ele também conta que, quando esteve preso em 2010, diz ter sido procurado pelo então diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. "Ele me propõe: fale o nome de políticos do DEM e do PSDB que você, por ventura, tenha ajudado e você sai daqui amanhã. Não precisa dizer muita gente, diz só o nome do Arthur Virgílio, do Marconi Perillo e do José Agripino'."

Por meio da assessoria, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho classificou de "absoluta invenção" as declarações de Arruda. "Jamais discuti questões partidárias com esse cidadão. Seu relato é uma absoluta invenção. É tão verdadeiro quanto a honestidade dele", respondeu. O governador Queiroz, declarou, também via assessoria, que Arruda "tenta, num golpe teatral, manipular a informação e enganar a população mais uma vez". A assessoria da presidente Dilma informou que ela não iria comentar. O jornal não conseguiu contato com o ex-diretor da PF Luiz Fernando Corrêa, nem com Erenice Guerra.

Fonte: Terra
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