A sessão de apreciação de pedido de abertura de processo de impeachment contra o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT) na Câmara Municipal da cidade nesta terça-feira terminou com invasão do plenário. A votação que determinou a rejeição do requerimento foi rápida e sem discussão, o que irritou os servidores municipais, em sua maioria professores, que acompanhavam a sessão das galerias.
Na última quinta-feira, os professores municipais, que estão em greve, entraram com o pedido de cassação de Garcia sob o argumento de que o prefeito cometeu infrações de caráter político-administrativas que levaram ao desequilíbrio a administração. Para eles, o prefeito também fez ações contra a categoria, como não pagar a data-base, e o descumprimento do Plano de Cargos e Salários dos profissionais da Educação, previamente acordado com a categoria.
A base aliada do prefeito conseguiu 21 votos contra o pedido, livrando Paulo Garcia do pedido, já que a oposição só contabilizou nove votos a favor do impeachment. Houve também uma abstenção.
Aliado do prefeito, o vereador Felizberto Tavares (PT) disse que o pedido de impeachment foi feito por pessoas que não representam o movimento sindical. “É um pedido em que a gente não vê as instituições sindicais representadas, apesar de haver um descontentamento”, avaliou. “A argumentação (a favor do impeachment) é muito tênue, dando uma conotação política muito grande. Um pedido desta envergadura requer no seu bojo provas irrefutáveis”, apontou.
A oposição lamentou. “Infelizmente, a Câmara não atendeu as aspirações da sociedade", disse o vereador Elias Vaz (PSB). "Goiânia vive uma situação de caos absoluto. O documento dizia que a cidade passa por um caos administrativo, todo mundo sabe disso”, assinalou.
A secretaria de Finanças do município admitiu há alguns dias que o município vive uma crise com dívida acumulada de R$ 334 milhões. Foi lançado um plano de mais de 60 medidas para conter a crise financeira na administração e reduzir a zero o déficit mensal de R$ 33,5 milhões.
Entre as medias estão aumentar em 15% a arrecadação própria e reduzir em 6% a despesa mensal com folha de pessoal, que consumiu 58,57% da receita líquida do município no 3º quadrimestre de 2013. Só este ano o prefeito Paulo Garcia enfrenta greves nas áreas de educação, saúde, dos agentes de trânsito e da guarda civil.
Acampados
O grupo de cerca de 200 pessoas que invadiu o plenário da Câmara promete estender a ação e perseverar no movimento contra o prefeito.
O professor Antônio Gonçalves Rocha Júnior, diretor jurídico do Sindicato Municipal dos servidores da educação, disse que é grande a possibilidade de a ocupação durar vários dias. Ele disse que a categoria vai decidir amanhã se apresenta um outro pedido de impeachment nos próximos dias.
“Isso (a invasão) não foi planejado. Foi uma atitude espontânea dos trabalhadores diante da manobra novamente realizada pelo presidente (da Câmara). Ele não permitiu nenhum debate, frente a denúncias consistentes, como a má utilização de recursos públicos”, afirmou.
Reação
O presidente da Câmara de Goiânia, vereador Clécio Alves (PMDB), disse em entrevista coletiva que iria tomar medidas jurídicas para que os manifestantes que invadiram o plenário da Casa desocupassem o espaço o mais rápido possível. Clécio Alves garantiu que não permitirá que os servidores municipais que invadiram o plenário repitam os danos à Casa provocados na última invasão, protagonizadas por professores grevistas em outubro do ano passado, em ocupação que durou 13 dias.
“O plenário deve ser respeitado. Porque senão qualquer situação que tiver, de qualquer categoria que seja, eles vão invadir a Câmara. Isso é inadmissível”, disse. Irritado, Clécio Alves disse que mandaria cortar o ar condicionado e até a água que poderia ser usada pelos invasores do plenário. “Aqui não é hotel, não”.