"Governador não deve pedir para agir", diz Helder Barbalho

Governador do Pará diz que, em um momento extraordinário como o atual, os chefes dos Estados devem agir e não perder tempo com disputas políticas

24 mar 2020 - 05h11
(atualizado às 07h55)

A exemplo de outros mandatários estaduais, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), não escapou dos atritos com o presidente Jair Bolsonaro por conta de medidas rígidas adotadas no combate ao novo coronavírus.

Ex-ministro da Pesca e dos Portos do governo da presidenta afastada Dilma Rousseff, Helder Barbalho assumiu hoje o Ministério da Integração Nacional 
Ex-ministro da Pesca e dos Portos do governo da presidenta afastada Dilma Rousseff, Helder Barbalho assumiu hoje o Ministério da Integração Nacional
Foto: Agência Brasil

Em entrevista ao Estado na segunda-feira, 23, logo depois da reunião (on line) dos governadores com o presidente, Barbalho elogiou o pacote anunciado pelo governo para Estados e municípios, mas disse que as dificuldades de relacionamento não foram tema das conversas.

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Segundo ele, em um momento extraordinário como o atual, tanto os chefes dos Estados quanto o presidente devem agir e não perder tempo com disputas políticas. "Os governos estaduais agiram no seu tempo. Governador não deve pedir licença para o governo federal para poder agir nos seus Estados. Não se deve perder tempo julgando ou analisando o que o outro está fazendo. Se deve é fazer", disse Barbalho. Leia os principais trechos da entrevista.

Qual sua avaliação sobre a conversa entre os governadores e o presidente Bolsonaro?

É uma avaliação positiva. O governo federal apresenta um pacote de iniciativas que merece reconhecimento. Apenas faço algumas observações construtivas. O governo deveria facilitar o acesso aos fundos (constitucionais) destacando aqui para a Amazônia o Fundo do Norte (FNO), permitindo que a média não usada nos anos anteriores possa ser acessada pelos governos estaduais para obras de infraestrutura que possam gerar empregos. E a outra é que a operação seja descentralizada, que não fique só no Basa (Banco da Amazônia), que os bancos estaduais possam ajudar na operação para a sociedade. Aqui no Pará o Basa tem 36 agências e o Banpará está em 106 municípios. Além disso, não fica claro quanto dos R$ 8 bilhões ficam para os Estados e quanto para os municípios. Isso precisa ficar claro. E, por último, o plano busca isonomia, mas exclui de algumas pautas os Estados que fizeram o dever de casa.

Por exemplo?

Tem uma alínea aqui que é suspensão de dívidas com a União. Quem fez o dever de casa e não deve para banco nem para a União tem baixa efetividade. Então deveriam criar um programa que salva quem está na UTI, mas valorize quem fez o dever de casa.

Na reunião, foi falado sobre os atritos recentes entre o presidente e governadores? Ele andou fazendo muitas críticas a vocês.

Não. Isso não foi tratado. Não foi reunião para discutir relação. Foi para apresentar o plano e nada mais.

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Estes problemas de relação foram equacionados a partir da conversa?

Nós temos um único inimigo hoje no Brasil que chama coronavírus. Não devemos perder tempo com brigas. Temos que buscar a união do Brasil. Espero que não haja atrito.

Algumas questões foram até judicializadas por alguns Estados.

É muito claro. Os governos estaduais agiram no seu tempo. Governador não deve pedir licença para o governo federal para poder agir nos seus Estados. Estamos em um momento extraordinário, não estamos em um momento de normalidade. E este momento requer agilidade, reações, providências na mesma proporção.

O governo federal demorou para reagir?

Cada um está agindo conforme a sua percepção. Não se deve perder tempo julgando ou analisando o que o outro está fazendo. Se deve é fazer. Agora, se fazer incomoda a quem quer que seja é outro problema. Defendo que não percamos tempo com isso.

Foi estabelecido um canal de diálogo junto à Presidência da República?

Há que se dizer que o plano apresentado pela Presidência é importante para que neste momento possamos nos fortalecer para o enfrentamento dessa crise.

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O senhor mandou um ofício para a Embaixada da China pedindo ajuda no combate à pandemia. Teve resposta?

O embaixador hoje entrou em contato dizendo que na quarta-feira estará conversando comigo. Entendi, aí é uma interpretação minha, que é o tempo que ele precisa para que a conversa seja efetiva.

Esta ajuda é só para o Pará ou para outros Estados também?

Os governadores do Nordeste também fizeram este pedido.

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