Poucas horas depois de o presidente Jair Bolsonaro falar que seu governo é vítima de uma campanha nacional de desinformação na abertura da Assembleia-Geral da ONU, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez seu próprio 'discurso' à entidade em um canal do YouTube.
Falando como se fosse o presidente do Brasil, Lula fez uma série de promessas típicas de palanque durante uma disputa eleitoral e afirmou que "as únicas palavras sensatas do discurso de Jair Bolsonaro na ONU foram as primeiras: o mundo precisa mesmo conhecer a verdade. Mas na boca de uma pessoa que não tem compromisso com a verdade até esta frase soa falsa".
"O Brasil se envergonha de ter tido, ao longo desta gravíssima pandemia, um governo que ignorou a ciência e desprezou a vida, o que resultou em mais de 136 mil mortes e milhões de contaminados pela covid", disse o ex-presidente no início de seu 'discurso'.
A exemplo do que fez na Assembleia-Geral da ONU de 2003, a primeira na qual discursou, o ex-presidente destacou a necessidade de ações para o combate à fome. "Vergonha das vergonhas: 800 milhões de crianças passam fome todos os dias, no mesmo planeta em que uns poucos privilegiados nem sabem como gastar - ou sequer como contar - suas inacreditáveis fortunas".
Entre outras coisas, Lula prometeu decretar o "desmatamento zero" na Amazônia com proibição por três anos de queimadas e derrubada de árvores, deslocar para o combate a incêndios no Pantanal os 4 mil militares que estão na fronteira com a Venezuela, recompor o orçamento do Ministério da Saúde, manter o auxílio emergencial de R$ 600, abrir linhas de crédito nos bancos públicos para pequenas e médias empresas, retomar a reforma agrária e retomar as obras paradas.
Muitas das promessas estão no Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, anunciado na véspera, parte de um movimento iniciado com a fala do ex-presidente no dia 7 de setembro na qual se colocou "à disposição" para combater o bolsonarismo.
Condenado em segunda instância nos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia, Lula está impedido de disputar eleições pela lei da Ficha Limpa. Ele pode reaver seus direitos políticos se o Supremo Tribunal Federal (STF) acatar pedido de seus advogados para que o ex-juiz Sérgio Moro seja declarado suspeito para julgar casos envolvendo o petista.