Governo Lula avalia que investigação avança rápido e vê 'possível retaguarda' para autor do atentado

Ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, diz que é importante saber se o homem responsável pelas explosões tinha 'conexões'; ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, associa episódio ao 8 de Janeiro

15 nov 2024 - 10h14
(atualizado às 14h06)

RIO - O governo de Luiz Inácio Lula da Silva considera que as investigações sobre o atentado em Brasília na última quarta-feira, 13, têm avançado rapidamente, com foco na identificação de possíveis "conexões" do autor das explosões. Nesta sexta-feira, 15, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, afirmou que Francisco Wanderley Luiz "possivelmente tinha uma retaguarda".

Para Pimenta, o homem teria agido de forma premeditada, o que estaria sendo corroborado por uma série de descobertas recentes dos investigadores, como aluguel de um trailer localizado no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados; artefatos enterrados nas proximidades da Praça dos Três Poderes; bomba deixada em uma das gavetas do quarto e inscrições no espelho da casa alugada por ele em Ceilândia (DF); e postagens em redes sociais.

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Policiais fizeram varredura no Palácio do Planalto na última quarta-feira, 13, após o atentado na capital federal
Policiais fizeram varredura no Palácio do Planalto na última quarta-feira, 13, após o atentado na capital federal
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

O ministro disse que as investigações sobre o ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF) estão caminhando rápido e que, no momento, o mais importante é saber se o responsável, que morreu, tinha "conexões". "Não temos que tratar como fato isolado, mas como parte do momento do País", afirmou, mencionando a presença do autor do atentado no acampamento em frente ao QG do Exército em janeiro de 2023.

O ministro disse descartar a tese de suicídio, no que citou as imagens de câmeras de segurança, e disse que o Brasil terá de tratar desse tipo de episódio cada vez mais como atos de terrorismo.

Questionado sobre o fato de Lula não estar comentando o episódio, Pimenta disse que o presidente "está falando" por meio da Polícia Federal e de outros órgãos. Ele garantiu que a agenda de Lula não vai mudar em função do atentado, até como demonstração de que essas investidas não vão perturbar a vida democrática. Na avaliação do ministro, um dos objetivos do ataque era trazer instabilidade à realização do G-20 e a chegada de outros líderes ao Brasil.

Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secom do governo Lula
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil / Estadão

Paulo Pimenta se posicionou contra a anistia a envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro e o que tratou como suas derivações, a exemplo do ataque ao STF. "Anistia nesse momento é estimular impunidade. E a impunidade é o fermento do terror que assistimos nesta semana. Sou contra qualquer debate sobre anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro", afirmou. "Quem atenta contra a democracia não vai contar com nenhum tipo de impunidade nesse País."

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Ele também afirmou que os inquéritos sobre atos antidemocráticos estão "se encaminhando para conclusão" e disse que, possivelmente, as investigações vão apontar as ligações com financiadores.

No mesmo evento, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, associou o atentado aos atos golpistas do 8 de Janeiro. Ele disse que o episódio tem impacto político e dificulta as tentativas de anistia para os envolvidos nas invasões da sede dos Poderes no início de 2023.

"Não tem como olhar para isso (atentado a bomba) esquecendo o 8 de Janeiro, esquecendo que havia gente monitorando os trajetos do presidente Lula e de ministros", disse Padilha. "O ataque tem um impacto político, sim. Agora fica mais difícil de passar pano para tudo o que já aconteceu no 8 de Janeiro. É preciso haver apuração devida e punição a crimes que atentam contra a democracia", afirmou.

O ministro afirmou que o atentado desta semana não terá impacto na realização do G-20 e disse que o evento das maiores economias do mundo, no Rio, será um contraponto ao ataque. "O G-20 é um território seguro para debates e divergências. Porque é isso que o Brasil quer. O Brasil não quer estimular ódio e intolerância, e isso independe de ser de esquerda ou direita", disse Padilha.

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