O presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT) e seus principais assessores na crise com Israel cogitam expulsar o embaixador Daniel Zonshine, que representa o governo israelense no Brasil. Embora vista como uma medida "drástica e indesejável" pelo Itamaraty, a questão foi discutida na segunda-feira, 19, pelo mandatário brasileiro e seu assessor especial Celso Amorim durante uma reunião no Palácio da Alvorada.
De acordo com informações da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, a possibilidade da expulsão foi sugerida em linguagem diplomática ao próprio Zonshine na reunião entre ele e o chanceler Mauro Vieira, na segunda-feira.
"Essa é uma das opções à mesa", disse um auxiliar próximo de Lula. A ação é considerada a próxima reação possível no protocolo diplomático em caso de uma escalada das agressões.
Durante a reunião, Vieira enfatizou que o Brasil não busca uma escalada da crise, mas considerou os movimentos do governo israelense como "inaceitáveis". Entre as medidas desproporcionais, segundo interlocutores de Vieira, estão a declaração do presidente Lula como persona non grata em Israel e o submetimento do embaixador brasileiro, Frederico Meyer, a constrangimentos.
Outro fator relevante que pode influenciar a medida contra Zonshine é o fato de ele ser próximo de Bolsonaro. Zonshine já foi convocado quatro vezes para reuniões de reprimendas diplomáticas pelo governo Lula desde o início da guerra com o Hamas.
A expulsão do embaixador de um país como Israel não seria uma ação comum. Os dois países mantêm uma relação comercial relevante, que poderia ser prejudicada. Além disso, não há precedentes de um gesto semelhante nas relações entre as duas nações.