Governo quer usar CPI da Petrobras para atingir Campos, diz fonte

24 abr 2014 - 18h56

Além de uma investigação no Congresso de um suposto cartel de trens e metrôs que pode atingir políticos do PSDB, o governo estuda uma estratégia para ganhar tempo na CPI da Petrobras com depoimentos repetidos e para atingir o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse à Reuters uma fonte do Palácio do Planalto nesta quinta-feira.

A estratégia está começando a ser montada e os primeiros movimentos foram vistos durante esta quinta, depois que a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, concedeu, na véspera, liminar a pedido da oposição para que seja instalada uma CPI exclusiva para investigar denúncias contra a estatal.

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Numa das frentes, os senadores governistas, que até então lutavam para evitar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, mudaram de posição e decidiram acelerar os passos para instalação da investigação política e usá-la para atingir a gestão de Campos como governador de Pernambuco.

Esse seria uma parte da estratégia que está sendo discutida no Palácio do Planalto, segundo a fonte que falou sob condição de anonimato.

Numa outra frente, os governistas pretendem instalar uma CPI mista, com deputados e senadores, para investigar um suposto cartel de empresas que atuou no sistema de trens e metrôs de São Paulo e do Distrito Federal. O governo quer usar essa investigação para atingir políticos da oposição, mais especificamente do PSDB, que comanda o governo paulista.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), chegou a provocar os tucanos mais cedo dizendo que aguarda o apoio deles à essa investigação também.

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"Se a oposição pensa que nós vamos deixar de lado a investigação sobre o metrô de São Paulo, e sobre outras suspeitas que pairam de má aplicação de dinheiro público federal, estão enganados", disse Costa mais cedo.

Pelos planos iniciais traçados nesta quinta, o governo deve pautar os primeiros depoimentos da comissão com dirigentes e ex-dirigentes da Petrobras já ouvidos pelo Congresso na semana passada.

Nessa lista estão a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, o ex-presidente José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor da área internacional Nestor Cerveró. O governo acredita que não haverá novidades a serem exploradas nesses depoimentos e o movimento daria tempo para viabilizar nas próximas semanas a CPI mista para investigar o suposto cartel de trens e metrôs.

Segundo essa fonte, esse movimento inicial ajuda o governo a barrar parte do discurso da oposição de que não há interesse em investigar as denúncias de má gestão na Petrobras.

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No curso da CPI da Petrobras, segundo a fonte, os governistas também devem se concentrar em analisar contratos e investimentos feitos na refinaria Abreu e Lima, que está instalada no complexo industrial de Suape, em Pernambuco, uma das vitrines de campanha de Campos.

Essa estratégia de desgastar o socialista pode ser bem sucedida, já que o governo tem condições de controlar os trabalhos de investigação, pois os maiores partidos são aliados e, portanto, irão eleger o presidente da CPI e indicar o relator, que determinam na prática o ritmo das convocações e pedidos de quebras de sigilo.

Além de denúncias de um suposto superfaturamento na compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, a CPI também deve investigar denúncias de que houve pagamento de propina a funcionários da Petrobras num contrato com uma empresa holandesa, a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a ativação de plataformas de exploração de petróleo sem todas as condições de segurança.

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