Governo reforça discurso pela união um dia após grandes protestos no país

16 mar 2015 - 14h48
(atualizado às 14h48)

O governo reforçou seu discurso pela união e pelo diálogo inclusive com setores críticos ao governo um dia após grandes manifestações de protesto em diversas cidades do país.

Em entrevista coletiva após reunião do núcleo de coordenação de governo, da qual participaram dez ministros e o vice-presidente da República, Michel Temer, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmaram que a presidente governa para todos os 200 milhões de brasileiros e que está disposta a ouvir tanto os “aplausos” quanto as “vaias”.

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“O governo, de acordo com a sua coordenação assume como postura central o diálogo com todas as forças sociais, e aí pouco importa se são forças sociais que apoiam o governo ou se são forças sociais que estão contra o governo”, disse o ministro da Justiça a jornalistas nesta segunda-feira.

“O governo está aberto ao diálogo com todos... É fundamental que nesta hora nós cada vez mais busquemos encontrar nossas convergência. O Brasil precisa, unido, se tolerar nas suas divergências e ao mesmo tempo construir alternativas para que possamos evidentemente atuar bem no campo econômico e no campo político”, acrescentou.

Segundo Braga, o governo entende que as manifestações contrárias de domingo e as pró-governo de sexta-feira passaram o recado de que é necessário um combate efetivo à corrupção, além de sinalizarem um pedido para que a presidente explique as medidas que vem tomando para ajustar as contas públicas do país.

O ministro de Minas e Energia argumentou ainda que não há descompasso entre o discurso sustentado por Dilma durante a campanha eleitoral do ano passado e as medidas de ajuste fiscal que vem implementando em 2015. As medidas refletem, segundo Braga, uma “adaptação” do governo à conjuntura atual.

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“Nós fizemos sim o maior e mais extenso programa anticíclico econômico da história da Nova República brasileira”, disse o ministro. “No entanto a nossa capacidade de subsidiar esse esforço anticíclico chegou ao limite da responsabilidade.”

Ele disse ainda que para evitar maiores prejuízos à economia, o governo teve de enfrentar o “realismo tibutário”, acrescentando que este governo está no início e que entra agora no seu terceiro mês. O balanço a ser feito do governo Dilma, argumentou, será em 2018.

ESPÍRITO DEMOCRÁTICO E FIRME

Segundo os dois ministros, Dilma encarou as manifestações com “espírito democrático”, citando sua história de militância e prisão durante a ditadura militar como exemplo de que a presidente tem essa postura “arraigada”.

Ambos também afirmaram que Dilma mantém uma postura “firme”, mas deseja ouvir “as ruas” com “humildade”.

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De acordo com Cardozo, a presidente deve anunciar, até o fim da semana, as medidas anticorrupção que vem anunciando desde a campanha do ano passado.

Ainda segundo os dois ministros, que citaram a disposição inclusive de ampliação do diálogo do governo com lideranças no Congresso, a presidente não discutiu possíveis mudanças ministeriais na reunião desta segunda-feira.

As manifestações de domingo reuniram milhares de pessoas nas ruas em diversas cidades do país, convocadas por grupos contra o governo, o PT e alguns a favor do impeachment.

Na sexta-feira, em escala menor, grupos favoráveis ao governo também se manifestaram, em defesa de Dilma e da Petrobras.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

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