O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), disse nesta segunda-feira que o Palácio do Planalto vai definir o tamanho de sua base aliada no Congresso depois da votação das medidas de ajuste fiscal. O PDT, que votou contra as medidas provisórias que mudam acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários, pode perder a titularidade no Ministério do Trabalho.
O Palácio do Planalto não quer discutir publicamente mudanças na Esplanada dos Ministérios enquanto não aprova o ajuste fiscal. O vice-presidente Michel Temer, no entanto, já iniciou conversas com a direção nacional do PDT, partido ao qual a presidente Dilma Rousseff já foi filiada.
O discurso, por enquanto, é que uma mudança de postura da bancada do partido pode mudar a percepção sobre a fidelidade do partido. “Temos duas matérias importantes. Se o PDT puder nos ajudar na 664 e no projeto de lei da desoneração, é um passo importante de reposicionar o diálogo”, disse Guimarães, após reunião de líderes da base com Temer, encontro que não contou com a participação do partido trabalhista.
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A medida provisória 664, que muda acesso à pensão por morte e auxílio doença, deve ir a votação na quarta-feira. O PDT fechou questão contra a medida. Na semana passada, os 19 deputados do partido votaram contra a MP 665, que muda o acesso ao seguro desemprego.
O líder do partido, André Figueiredo (CE), disse em plenário que o partido poderia entregar os cargos. "Se quiserem que sejam entregues quaisquer funções que nós ocupamos na Esplanada dos Ministérios, entregaremos de bom grado. Mas por conta de trair nossos princípios, nunca!”, discursou.
A postura do partido de criticar publicamente o ajuste incomodou outros partidos da base. Reservadamente, interlocutores do governo não escondem o descontentamento.
“Foi feita a uma recomendação por nós líderes da base ao Michel Temer, que tratasse com a presidente da situação do PDT. Está sendo tratada, mas não sabemos o que vai acontecer”, disse Guimarães. “Nós temos que concluir o ajuste. Nossa centralidade é votar o ajuste, depois o PL da desoneração, depois a gente discute qual é o tamanho da base.”
O PP, que ocupa o Ministério das Cidades, também ficou dividido, com 18 deputados contra o ajuste. No PMDB, 13 disseram não, mas 50 foram favoráveis. Nem o PT, partido da presidente Dilma Rousseff, conseguiu convencer todos seus deputados – um deputado votou contra e outros nove faltaram à votação.
O governo acredita ter um clima mais favorável para a votação de quarta-feira, mas tenta conter as dissidências. O placar da MP 665 foi considerado apertado – uma vitória por 25 votos.