Graça Foster confirma que pôs cargo à disposição de Dilma

“A coisa mais importante para esta diretoria é a Petrobras. É muito mais importante que o meu emprego", disse a presidente da Petrobras

17 dez 2014 - 12h57
(atualizado às 17h05)
Presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.
Presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.
Foto: Sergio Moraes (BRAZIL - Tags: POLITICS BUSINESS ENERGY CRIME LAW HEADSHOT) / Reuters

A presidente da Petrobras, Graça Foster, confirmou hoje (17) que conversou com a presidenta da República, Dilma Rousseff, sobre a sua própria demissão e sobre a saída dos outros diretores da empresa. Segundo ela, o assunto foi tratado algumas vezes com a presidenta, devido às investigações da Operação Lava Jato e o atraso que isto vem causando ao fechamento do balanço financeiro do terceiro trimestre da empresa.

Publicidade

“A coisa mais importante para esta diretoria é a Petrobras. É muito mais importante que o meu emprego. Não vou dizer o que a presidenta me respondeu [sobre ter colocado o cargo à disposição]. Isto é ela que tem que dizer. Mas hoje estou aqui, presidenta da Petrobras, e vou continuar enquanto contar com a confiança da presidenta [Dilma] e ela entender que eu deva ficar”, disse Graça Foster.

A presidenta da Petrobras também disse que “não conseguiria trabalhar” sem a atual diretoria. “Temos um time. Temos uma forma de trabalhar muito próxima. Compartilhamos as dificuldades e nossas preocupações. Os diretores têm a liberdade para tomar a decisão que quiserem, mas estamos juntos enfrentando esta situação”, afirmou.

Ela disse ainda que se sente motivada para recuperar a credibilidade da empresa, abalada pela Operação Lava Jato, e para aumentar os instrumentos de controle. Segundo ela, a Operação Lava Jato servirá como um aprendizado para a empresa, inclusive para os próximos projetos de refinarias da estatal.

Graça Foster disse ainda que a Petrobras contratou dois escritórios de advocacia, um brasileiro e outro americano, para investigar, de forma independente, a própria presidenta da empresa, a atual diretoria e os gerentes-executivos.

Publicidade

“Estes contratados, entram na sua sala, abrem seu armário, entram no seu computador, no seu ipad. É uma investigação apolítica, que vai na raiz da sua vida profissional. É algo que a gente espera com muita ansiedade”, disse Graça Foster.

De acordo com a executiva, a divulgação do balanço do terceiro trimestre da empresa foi adiado, inicialmente para o final de janeiro de 2015, devido às informações que estão surgindo nos depoimentos à Polícia Federal e nas delações premiadas. Um dos depoimentos mais aguardados pela empresa é o do ex-gerente-executivo Pedro Barusco, que, segundo Graça Foster, fará uma “colaboração premiada” à Justiça.

A ideia de adiar o balanço é esperar para ver se será necessário reestimar os patrimônios da empresa. Caso o balanço seja divulgado antes dessas informações, talvez seja necessário corrigi-lo posteriormente. Graça Foster disse que essa é a primeira vez que um balanço da empresa não é auditado.

A presidenta da estatal também afirmou que a criação da nova diretoria de Governança foi aprovada na reunião do Conselho de Administração e que uma empresa de recursos humanos já foi contratada para buscar candidatos. Em até 30 dias, a empresa deverá encaminhar uma lista com três nomes para que a empresa escolha.

Publicidade
Graça Foster: ‘Petrobras perde com operação Lava-Jato’
Video Player

O novo diretor terá entre as prerrogativas procurar irregularidades e não conformidades em projetos, antes que eles sejam avaliados pela reunião da diretoria da empresa.

Em coletiva à imprensa, na sede da empresa na manhã de hoje, Graça Foster também reafirmou que os e-mails encaminhados por Venina da Fonseca antes de 2014 não explicitavam denúncias sobre irregularidades. Segundo ela, ninguém da diretoria atual sabia da corrupção dentro da empresa e só tiveram conhecimento sobre essas irregularidades quando a Petrobras foi citada na Operação Lava Jato.

Graça Foster disse ainda que o valor de mercado da Petrobras não caiu apenas por causa da Operação Lava Jato, mas por conta de fatores externos como a desvalorização do real ante o dólar e a queda do preço internacional do barril de petróleo.

Agência Brasil
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se