O grupo suspeito de ter planejado um golpe de Estado e o assassinato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes cogitou usar artefato explosivo e envenenamento contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
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"Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público", diz um trecho da decisão judicial que autoriza os mandados de prisão preventiva contra os investigados na Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira, 19.
O documento afirma que diligências já estavam em andamento para identificar o esquema de segurança pessoal de Moraes, "compreendendo os equipamentos de segurança, armamentos, veículos blindados", bem como os "itinerários e horários" do ministro tanto em Brasília como em São Paulo.
"Os itinerários mencionados ('Eixo Monumental', 'Av Exército' e 'L4') indicam prováveis rotas de deslocamento entre os locais de frequência e estadia do ministro Alexandre de Moraes em Brasília à época. As informações sobre segurança pessoal também apontam para uma provável estrutura de segurança do magistrado daquele momento. Mais ao final da primeira página, é mencionado um tempo de reconhecimento de pelo menos 2 semanas nas regiões de 'DF' e 'SP', sendo exatamente as unidades da federação em que o ministro frequenta ordinariamente", diz outro trecho.
A investigação da PF cita inclusive a munição que seria usada no plano: "a lista com o arsenal previsto revela o alto poderio bélico que estava programado para ser utilizado na ação. As pistolas e os fuzis em questão ('4 Pst 9 mm ou .40" e "4 Fz 5,56 mm, 7,62 mm ou .338') são comumente utilizados por policiais e militares, inclusive pela grande eficácia dos calibres elencados. Chama atenção, sobretudo, o armamento coletivo previsto, sendo: 1 metralhadora M249 – MAG – MINIMI (7,62 mm ou 5,56 mm), 1 lança Granada 40 mm e 1 lança rojão AT4. São armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate".
Segundo a investigação, o grupo também considerou matar Lula envenenado. "Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico", consta na decisão.
A operação e o plano de execução
Na manhã desta terça-feira, a PF deflagrou a Operação Contragolpe para desarticular a organização criminosa suspeita de ter planejado um golpe de Estado para impedir a posse de Lula, eleito nas eleições de 2022, e restringir a atuação do Poder Judiciário.
O grupo é suspeito de planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Um dos planos, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, era o de matar Lula e Alckmin. O presidente seria chamado pelo codinome "Jeca", enquanto o vice-presidente de "Joca".
Também estavam no planejamento a prisão e execução do ministro Moraes, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado.
O plano, chamado de 'Punhal Verde e Amarelo', teria sido discutido no dia 12 de novembro de 2022, na residência do general Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições daquele ano.
Conforme investigações, os indícios do plano foram identificados inicialmente a partir das análises dos dados armazenados no aparelho celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Nesta terça, foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas de prisão nos Estados do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e no Distrito Federal. O Exército Brasileiro também acompanhou a operação. Os presos são quatro militares do Exército ligados às Forças Especiais (FE), os chamados "kids pretos", e um policial federal.